Comércio varejista registra leve alta nas transações em abril, segundo levantamento privado
Um novo relatório sobre o desempenho do comércio varejista brasileiro apontou uma variação positiva no volume de vendas durante o mês de abril. De acordo com dados levantados pelo índice de atividade da Stone, empresa do setor de meios de pagamento e tecnologia financeira, o crescimento foi de 0,6% em relação ao mês anterior.
O resultado representa um avanço modesto, mas consistente, e sinaliza a continuidade de uma trajetória de recuperação gradual do consumo no país. A expansão, mesmo que tímida, ocorre em um contexto de estabilidade nos indicadores macroeconômicos, com inflação sob controle e juros ainda elevados, mas em tendência de queda.
Recuperação do consumo reflete melhora em setores específicos
A alta observada nas vendas foi impulsionada por segmentos específicos do varejo, com destaque para o comércio de bens essenciais, como supermercados e farmácias, além do setor de vestuário e calçados, que costuma apresentar desempenho sazonalmente positivo com a aproximação do outono.
Outras áreas, como eletrodomésticos e móveis, tiveram desempenho mais estável, ainda impactadas pelas restrições de crédito enfrentadas por boa parte da população. O índice reflete transações capturadas diretamente nos sistemas da Stone, abrangendo um universo significativo de micro, pequenas e médias empresas espalhadas por diferentes regiões do país.
Dados indicam resiliência do pequeno varejo e maior movimentação em lojas físicas
A pesquisa mostra que os estabelecimentos de menor porte, especialmente aqueles que operam em centros urbanos e bairros residenciais, apresentaram uma performance melhor do que o esperado. Isso reforça uma tendência já observada nos últimos meses, em que o comércio local tem se beneficiado da busca do consumidor por conveniência, proximidade e menores gastos com deslocamento.
Também foi registrada uma retomada mais forte nas lojas físicas em comparação ao comércio eletrônico, indicando que o comportamento de compra híbrido — online e presencial — continua sendo uma característica marcante do consumidor brasileiro em 2024.
Movimento acompanha ritmo de desaceleração inflacionária e otimismo cauteloso no setor
Economistas destacam que a expansão de 0,6% nas vendas está alinhada com os demais indicadores econômicos divulgados recentemente. A inflação mostrou sinais de desaceleração, especialmente nos itens alimentícios e combustíveis, o que contribuiu para um leve alívio no orçamento das famílias e permitiu maior espaço para o consumo.
Ainda assim, o setor varejista segue operando com cautela. Empresários do setor continuam monitorando os movimentos da política monetária, em especial as decisões do Banco Central sobre a taxa básica de juros, que afetam diretamente o custo do crédito ao consumidor e o acesso a financiamentos por parte dos comerciantes.
Variação regional revela desigualdade no ritmo de recuperação
O levantamento da Stone também aponta variações importantes entre as regiões do país. Enquanto o Sudeste e o Sul mostraram crescimento mais acentuado, puxado por capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, regiões como Norte e Centro-Oeste apresentaram estabilidade ou variações negativas em determinados setores.
A análise regional reforça a heterogeneidade da retomada econômica, que segue sendo influenciada por fatores locais, como nível de emprego, renda média e estrutura do comércio em cada estado.
Empresários esperam maio mais forte com datas comemorativas
Para o mês seguinte, a expectativa do setor é de aceleração nas vendas devido à comemoração do Dia das Mães, uma das datas mais importantes para o varejo brasileiro. A data, tradicionalmente, movimenta diversos segmentos, especialmente vestuário, cosméticos, eletrodomésticos e produtos de uso pessoal.
Empresários e entidades do comércio apostam em campanhas promocionais e facilidades de pagamento para atrair consumidores e aumentar o tíquete médio das vendas, em um esforço para compensar o ritmo ainda moderado do primeiro trimestre do ano.
Índice da Stone é referência no monitoramento da atividade varejista
O indicador de desempenho do varejo divulgado pela Stone é construído com base na análise de milhões de transações financeiras processadas pela empresa em todo o país. Por isso, é considerado um termômetro relevante da atividade comercial, especialmente entre pequenos empreendedores, que representam grande parte dos negócios no Brasil.
Apesar de não substituir os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice da Stone antecipa tendências e oferece uma leitura quase em tempo real da movimentação do comércio, sendo frequentemente utilizado por analistas de mercado, bancos e consultorias econômicas.
Com o resultado de abril, o comércio varejista reforça a expectativa de uma recuperação gradual em 2025, ainda condicionada à retomada mais consistente da renda, do emprego e do crédito, pilares fundamentais para o crescimento sustentável do consumo interno.