Terapia é possível até para pacientes em coma, afirma psicóloga durante congresso no Sarah
Estímulos podem gerar respostas mesmo em casos de consciência mínima
Durante o 1º Congresso Latino-Americano da Federação Mundial de Neurorreabilitação (WFNR), realizado no Hospital Sarah, a renomada psicóloga britânica Barbara Wilson apresentou evidências de que pacientes em coma ou em estado vegetativo podem responder positivamente a intervenções terapêuticas. Segundo ela, estratégias da neurorreabilitação têm o potencial de melhorar, em alguns casos significativamente, a capacidade de interação desses pacientes.
Compreensão limitada, mas potencial preservado
Barbara destacou que, apesar da gravidade das lesões cerebrais, muitos desses pacientes mantêm ciclos de sono e vigília. Embora a consciência seja mínima, ainda existem possibilidades de respostas que podem ser medidas por instrumentos específicos, como escalas clínicas desenvolvidas para esse fim.
“Muitas vezes, interpreta-se a falta de resposta como ausência de evolução, quando na verdade há limitações na forma de avaliação”, afirmou a especialista.
Foco nas capacidades, não nas limitações
A proposta da psicóloga é mudar o foco do que os pacientes não conseguem fazer para aquilo que ainda conseguem realizar. Ela explicou que intervenções simples, como a apresentação de imagens e objetos familiares, podem ajudar a estimular respostas cognitivas e emocionais. Além disso, mudanças na postura corporal, como posicionar o paciente sentado ou em pé, também podem provocar alterações positivas no nível de atenção.
De acordo com Barbara, cerca de 75% dos pacientes em estado vegetativo apresentaram melhor desempenho em testes após serem colocados de pé. Esse estímulo parece aumentar a atividade cerebral e o engajamento com o ambiente.
Histórias que desafiam o ceticismo
Em sua palestra, Barbara relatou o caso de Gary, um paciente que sofreu um ataque violento e ficou em estado de consciência reduzida por mais de um ano e meio. Com tratamento contínuo e suporte familiar, ele gradualmente recuperou a consciência. Atualmente, apesar de algumas limitações físicas, leva uma vida considerada normal. Barbara enfatizou que foi por meio da observação cuidadosa de sinais sutis — como o incômodo causado por um colar cervical — que ela percebeu os primeiros indícios de melhora.
Conclusão
O trabalho de Barbara Wilson reforça que o processo de reabilitação de pacientes em coma ou estados semelhantes deve considerar cada mínima possibilidade de resposta. Com uso de técnicas apropriadas e acompanhamento especializado, é possível promover avanços significativos, mesmo nos casos mais complexos. A mensagem deixada por ela é clara: nunca se deve subestimar o potencial de recuperação, por menor que ele pareça ser.