Entidades Médicas Alertam para Riscos do Uso Indevido de Testosterona em Mulheres
Uso da testosterona deve ser restrito e supervisionado
Sociedades médicas brasileiras emitiram uma nota conjunta para alertar sobre o uso inadequado de testosterona em mulheres. A recomendação parte da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Segundo as entidades, a única aplicação cientificamente validada para o uso de testosterona em mulheres é no tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH), especificamente em mulheres após a menopausa. Mesmo nesse caso, o tratamento só deve ser considerado após a exclusão de outras causas para a diminuição da libido, como distúrbios emocionais, uso de medicamentos, desequilíbrios hormonais ou problemas no relacionamento.
Falta de aprovação e ausência de respaldo científico
O alerta reforça que, até o momento, não há nenhuma formulação de testosterona aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso feminino. O uso do hormônio para finalidades como aumento de massa magra, emagrecimento, melhora de energia ou retardamento do envelhecimento não possui apoio da ciência médica. Pelo contrário, essas práticas podem provocar mais danos do que benefícios à saúde da mulher.
Produtos manipulados e “naturais” também oferecem riscos
As entidades também chamam atenção para o uso de fórmulas manipuladas, muitas vezes comercializadas com termos como “naturais”, “bioidênticas” ou “biodisponíveis”. De acordo com o comunicado, essas expressões são estratégias de marketing que não asseguram maior segurança ou eficácia. Além disso, produtos desse tipo, por não passarem por um controle rigoroso de qualidade, podem causar efeitos inesperados e prejudiciais.
Implantes hormonais: perigos aumentados
Entre as formas mais preocupantes de administração estão os implantes subcutâneos e pellets, que liberam o hormônio de maneira contínua. Nessas apresentações, não há controle preciso da dosagem liberada, o que eleva significativamente o risco de efeitos adversos.
Efeitos colaterais podem ser graves
O uso inadequado de testosterona pode desencadear uma série de efeitos indesejados, incluindo acne, queda de cabelo, aumento de pelos, engrossamento da voz, alterações nos níveis de colesterol e danos ao fígado. Além disso, há preocupações com o impacto cardiovascular e o risco de dependência psicológica.
Queda gradual e não abrupta
As entidades médicas destacam ainda que a queda da testosterona nas mulheres ocorre de forma lenta a partir dos 30 anos, diferentemente de outros hormônios femininos que diminuem abruptamente com a menopausa. Essa característica reforça que a simples redução nos níveis hormonais não deve ser vista como justificativa automática para a reposição.