Resistência à investigação de fraudes no INSS é sinalizada por Alcolumbre diante da proposta de CPMI
Um novo impasse político se desenha no Congresso Nacional com a manifestação de resistência por parte do senador Davi Alcolumbre em relação à criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A sinalização feita pelo senador, que tem influência direta nas decisões de tramitação no Senado, reforça as dificuldades enfrentadas por parlamentares que defendem o aprofundamento das investigações sobre irregularidades no sistema previdenciário.
A proposta de instalação da CPMI surgiu diante de denúncias recentes de fraudes bilionárias, que envolvem a concessão irregular de benefícios, o uso de documentos falsos e o envolvimento de entidades suspeitas de atuar como intermediadoras ilegais no processo de obtenção de aposentadorias, pensões e auxílios. Parlamentares da oposição, junto a alguns independentes, alegam que é imprescindível uma apuração mais ampla, com poderes de investigação, para restaurar a credibilidade do sistema previdenciário e punir os responsáveis.
Contudo, Alcolumbre, que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, sinalizou que não vê com bons olhos a abertura de uma CPMI neste momento. Para o senador, a existência de investigações em curso dentro do próprio INSS, além da atuação da Polícia Federal e do Ministério Público, já seria suficiente para dar conta das denúncias. Ele defende que a criação de mais uma frente investigativa pode gerar instabilidade política, desviar o foco das pautas legislativas prioritárias e até mesmo servir de palco para disputas partidárias.
Nos bastidores, a posição de Alcolumbre é interpretada por parte dos senadores como uma tentativa de blindar setores do governo ou evitar uma nova frente de desgaste institucional. Apesar disso, há pressão crescente de parlamentares que defendem a CPMI como uma resposta institucional ao escândalo, sob o argumento de que fraudes dessa magnitude não podem ser tratadas apenas administrativamente, mas precisam de investigação pública e ampla supervisão do Congresso Nacional.
A resistência expressa por Alcolumbre, no entanto, não encerra o debate. Senadores favoráveis à comissão articulam a coleta de assinaturas necessárias para forçar a sua instalação, uma vez que a CPMI, por natureza, reúne membros tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado. Caso as assinaturas sejam validadas e os líderes partidários não consigam um acordo contrário, a comissão poderá ser instalada independentemente do apoio político do presidente da CCJ.
A discussão sobre a criação da CPMI evidencia mais uma vez o embate entre interesses políticos e institucionais em torno do INSS, órgão constantemente sob escrutínio pela sua dimensão e importância. O debate também revela as diferentes leituras que existem no Legislativo sobre o papel do Congresso no enfrentamento à corrupção e à má gestão dos recursos públicos.
Enquanto isso, as denúncias de irregularidades continuam sendo apuradas por órgãos técnicos, e o governo federal promete medidas rigorosas para corrigir falhas e punir os envolvidos. Ainda assim, cresce a percepção entre setores da sociedade civil e especialistas em políticas públicas de que a atuação parlamentar é fundamental para dar transparência ao processo e garantir que eventuais responsabilidades políticas sejam apuradas com o devido rigor.
Com a tensão crescendo e os posicionamentos se radicalizando, a próxima etapa desse debate será decisiva para definir se o Congresso optará por uma investigação mais profunda ou se manterá o curso atual, delegando a apuração aos órgãos já encarregados da fiscalização administrativa e judicial.