Déficit na balança comercial dos EUA bate recorde em março
O déficit comercial dos Estados Unidos registrou um aumento expressivo em março, alcançando o nível mais alto da série histórica, segundo dados divulgados pelo Escritório de Análise Econômica (BEA) nesta terça-feira (6). A diferença entre exportações e importações cresceu 14% em relação ao mês anterior, somando US$ 140,5 bilhões, acima das projeções do mercado.
Empresas antecipam compras diante de tarifas elevadas
O aumento foi impulsionado por uma onda de importações, com empresas norte-americanas buscando antecipar a entrada de mercadorias antes da aplicação de novas tarifas, especialmente sobre produtos chineses. Essa movimentação, motivada pela política tarifária do ex-presidente Donald Trump, levou as importações ao recorde de US$ 419 bilhões em março — alta de 4,4%. Somente os bens importados cresceram 5,4%, totalizando US$ 346,8 bilhões.
Enquanto isso, as exportações tiveram um avanço tímido, subindo 0,2% e chegando a US$ 278,5 bilhões. As vendas externas de bens aumentaram 0,7%, atingindo US$ 183,2 bilhões.
Impacto direto sobre o desempenho da economia
O aumento do déficit comercial teve efeitos imediatos sobre a economia americana. No primeiro trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) do país sofreu uma contração de 0,3% em termos anualizados — a primeira retração em três anos. De acordo com o governo, o rombo comercial foi responsável por cortar 4,83 pontos percentuais do crescimento econômico no período.
Previsão de alívio no segundo trimestre
Economistas consultados projetam que o ritmo acelerado de importações deve se estabilizar até maio, o que pode abrir espaço para uma recuperação do PIB no segundo trimestre. O cenário, no entanto, segue sensível à evolução das disputas comerciais, especialmente com a China, já que as tarifas sobre os produtos chineses passaram a vigorar no início de abril, marcando o início formal de uma guerra comercial entre as duas potências.
Conclusão
O recorde no déficit comercial americano reflete os efeitos imediatos de tensões comerciais e políticas tarifárias agressivas. A tentativa de empresas em evitar custos maiores acabou pressionando a balança comercial e impactando diretamente o desempenho econômico do país. Com a perspectiva de desaceleração nas importações nos próximos meses, os analistas esperam que o segundo trimestre traga sinais de recuperação, mas o ambiente de incerteza global ainda impõe desafios significativos ao crescimento sustentável dos Estados Unidos.