Investigação da PF aponta pagamento de propina milionária a servidores do INSS por associações
A Polícia Federal deflagrou, nesta segunda-feira (29), uma operação para investigar um suposto esquema de corrupção envolvendo servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e entidades de classe. Segundo a PF, os funcionários públicos teriam recebido propina milionária de associações para favorecer a liberação irregular de benefícios previdenciários.
A operação, batizada de Falsa Insônia, cumpre mandados de busca e apreensão em vários estados, incluindo o Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Até o momento, ninguém foi preso, mas os alvos estão sendo investigados por crimes como corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistema público e organização criminosa.
De acordo com os investigadores, o esquema funcionava com a participação de servidores do INSS que, em troca de pagamentos mensais, aceleravam e aprovavam benefícios previdenciários solicitados por associações e sindicatos, muitos deles com indícios de irregularidades. As propinas, segundo a PF, eram disfarçadas de “mensalidades associativas” e somam cifras milionárias.
As investigações apontam que essas entidades firmavam convênios com o INSS para facilitar o acesso de seus associados a benefícios, como aposentadorias e auxílios, inclusive por incapacidade. Contudo, em vez de seguirem os trâmites legais, utilizavam os acordos para corromper servidores e burlar o sistema.
A operação ocorre com o apoio do Ministério da Previdência Social e da Coordenação-Geral de Inteligência Previdenciária (COINP), que já monitoravam movimentações suspeitas nos cadastros e no pagamento de benefícios.
A Controladoria-Geral da União (CGU) também participa das apurações e estima que o prejuízo aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 10 milhões. Além disso, a PF não descarta o envolvimento de advogados e representantes das entidades que também teriam lucrado com o esquema.
O INSS informou, por meio de nota, que colabora com as investigações e que os servidores identificados serão afastados imediatamente, caso fique comprovado o envolvimento.
A operação Falsa Insônia segue em andamento, e novas fases não estão descartadas.