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Powell faz discurso sobre a economia dos EUA nesta quarta-feira (16) em meio a aumento de tarifas

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, volta a falar ao público nesta quarta-feira (16), num momento em que os mercados enfrentam forte volatilidade diante da recente escalada na política tarifária do ex-presidente Donald Trump. Esta será a segunda vez, em menos de duas semanas, que Powell se pronuncia sobre o estado da economia dos Estados Unidos, com foco especial nos rumos da inflação, do emprego e da política monetária.

Mudanças rápidas nas tarifas ampliam pressão sobre o Fed

Desde seu último discurso em 4 de abril, o ambiente mudou de forma abrupta. Na ocasião, Trump havia anunciado uma tarifa de 10% sobre a maioria das importações, além de outras taxas adicionais sobre uma série de parceiros comerciais. Poucos dias depois, essas medidas foram parcialmente revertidas, com exceção daquelas direcionadas à China, cuja validade foi estendida por mais 90 dias.

Na avaliação inicial de Powell, esse conjunto de ações poderia levar a uma combinação difícil de lidar: inflação elevada somada a uma desaceleração no crescimento. Ele adotou, então, uma postura cautelosa, dizendo ser prematuro definir qual direção a política monetária deveria seguir diante desse novo cenário.

Mercado acompanha com atenção novo pronunciamento

Desta vez, o presidente do Fed falará no Economic Club de Chicago, às 14h30 (horário de Brasília), e será entrevistado ao vivo. Analistas e investidores esperam que Powell possa indicar se a instituição adotará alguma mudança de curso, especialmente após a escalada recente nas incertezas econômicas. A instabilidade já se reflete nos mercados globais, que vêm passando por uma sequência de dias voláteis semelhante ao período inicial da pandemia de Covid-19.

Mais tarifas no horizonte e divergência entre autoridades do Fed

A comunicação de Powell vem em um momento em que o governo Trump estuda novas taxações, desta vez sobre setores como farmacêutico e semicondutores, aumentando ainda mais a tensão. Embora algumas autoridades do Fed defendam uma resposta mais branda caso as tarifas sejam aliviadas, outras adotam uma postura mais rigorosa.

Christopher Waller, integrante do banco central, sugeriu que, com tarifas reduzidas, seria possível manter os juros estáveis no primeiro semestre e até cogitar cortes no segundo. Porém, se os aumentos forem mantidos, segundo ele, a elevação do desemprego poderá obrigar o Fed a agir com mais força para sustentar a economia.

Em contraste, o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, expressou preocupação com a possibilidade de a inflação de curto prazo influenciar as expectativas futuras, o que exigiria a manutenção ou até o aumento das taxas de juros.

Indicadores econômicos mistos complicam diagnóstico

Apesar da pressão externa, dados recentes indicam que a inflação mostra sinais de arrefecimento e o mercado de trabalho continua resiliente, ainda que a atividade econômica apresente sinais de desaceleração. Esse quadro contraditório torna a tarefa de Powell ainda mais delicada, ao tentar equilibrar a necessidade de manter a estabilidade sem sufocar a recuperação.

Conclusão

O discurso de Jerome Powell ocorre em um momento-chave para a economia americana. Com a política comercial do governo Trump alterando o cenário quase semanalmente, o Fed precisa avaliar com cautela os próximos passos. A fala de hoje pode trazer pistas importantes sobre a estratégia da autoridade monetária diante das turbulências causadas por tarifas, inflação e desempenho econômico. O mercado, atento, aguarda sinais mais claros sobre o que esperar para os próximos meses.

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