Governo planeja revisar nomeações feitas por parlamentares em cargos comissionados
O governo federal pretende realizar, a partir de maio, um levantamento detalhado das nomeações políticas em cargos da Esplanada dos Ministérios. A ação tem como finalidade principal avaliar o alinhamento de deputados e senadores às pautas do Executivo no Congresso Nacional e fortalecer a articulação política em torno de temas prioritários.
Alvo são ministérios e autarquias
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o pente-fino será direcionado a indicações feitas por parlamentares, especialmente em autarquias e órgãos federais. A intenção é compreender melhor a distribuição dos cargos e verificar se os indicados estão vinculados a parlamentares que, de fato, apoiam a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Legislativo.
Atualmente, mesmo parlamentares com atuação contrária a propostas do governo mantêm aliados em cargos federais. Entre os exemplos estão deputados que assinaram o pedido de urgência ao projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, além de outros com histórico de baixa adesão a votações de interesse do Planalto.
PP e União Brasil na mira
Nos bastidores, dois partidos têm chamado mais atenção: o PP e o União Brasil. Apesar de ocuparem espaços na estrutura federal, suas bancadas têm se posicionado de maneira pouco confiável em votações consideradas estratégicas. O levantamento, portanto, deve focar inicialmente nesses grupos.
O Planalto, no entanto, nega qualquer intenção de retaliação. De acordo com fontes próximas à articulação política, o objetivo não é punir parlamentares, mas cobrar coerência de quem ocupa espaço no governo. A avaliação interna é de que é preciso “reafirmar o compromisso com o projeto governista”.
Disparidade entre lealdade e nomeações
A ação também visa corrigir uma distorção percebida por integrantes da base aliada: muitos deputados que têm demonstrado lealdade ao governo ainda não contam com indicações na máquina federal. Há uma expectativa de que o pente-fino permita reequilibrar esse cenário, abrindo espaço para premiar a fidelidade com cargos e funções estratégicas.
Conclusão
Com votações relevantes no horizonte, como a reforma da tabela do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública, o governo busca consolidar sua base de apoio no Congresso. O levantamento das indicações políticas será uma ferramenta para ajustar as engrenagens da coalizão governista e garantir maior coesão na tramitação de projetos centrais para a agenda de Lula.