Economia

Importações de soja pela China caem ao menor nível em 17 anos devido a tarifas

As importações chinesas de soja caíram em março para o menor patamar em 17 anos, com um volume total de 3,5 milhões de toneladas — uma redução de 36,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os dados foram divulgados pela Administração Geral de Alfândega da China e apontam os efeitos combinados de tarifas sobre produtos dos Estados Unidos e atrasos na colheita brasileira.

Primeiro trimestre registra recuo nas compras

Entre janeiro e março, a China — maior compradora global da commodity — importou 17,11 milhões de toneladas de soja. O volume representa uma queda de 7,9% em comparação ao mesmo período de 2024, quando o país havia comprado 18,58 milhões de toneladas. O número também ficou abaixo das expectativas de analistas e operadores de mercado, que estimavam um intervalo entre 17,3 milhões e 18 milhões de toneladas para o trimestre.

Efeitos da guerra comercial e mudança de fornecedor

O comércio de soja entre China e Estados Unidos foi diretamente afetado pela escalada de tensões comerciais entre os dois países. Com a imposição de tarifas adicionais que elevaram a carga tributária sobre a soja americana para 135%, compradores chineses reduziram significativamente os pedidos aos EUA.

Segundo Rosa Wang, analista da consultoria JCI em Xangai, o temor de uma intensificação da guerra comercial após a posse do presidente Donald Trump contribuiu para a cautela dos processadores chineses. A preferência do mercado se voltou então para a soja brasileira, especialmente diante da previsão de uma colheita farta. No entanto, atrasos logísticos e gargalos portuários no Brasil também influenciaram negativamente os embarques em março.

Expectativa de recuperação com safra brasileira

Apesar da queda nas importações no primeiro trimestre, o mercado prevê uma recuperação significativa entre abril e junho. Analistas estimam que a China poderá importar até 31,3 milhões de toneladas de soja nesse período, impulsionada pela chegada da nova safra brasileira. Segundo a consultoria Patria Agronegocios, até a última sexta-feira, 89,09% da colheita brasileira já havia sido concluída, superando o percentual registrado no mesmo período da temporada anterior.

A soja é um insumo essencial para a China, utilizada principalmente na produção de farelo para ração animal e óleo para consumo doméstico.

Conclusão

A forte queda nas importações chinesas de soja em março reflete o impacto de fatores externos como tarifas comerciais e atrasos na logística de fornecimento. Ainda assim, as projeções para o segundo trimestre indicam um cenário de recuperação, ancorado na safra abundante do Brasil. O episódio evidencia como o comércio global de commodities agrícolas está cada vez mais suscetível a mudanças geopolíticas e fatores climáticos.

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