Economia

Conflitos comerciais podem provocar recuos nos mercados acionários, alerta FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que tensões geopolíticas — incluindo disputas comerciais — têm potencial para causar fortes correções nos preços das ações, o que pode desestabilizar o sistema financeiro global. A análise foi publicada nesta segunda-feira (14) como parte de um capítulo do próximo Relatório de Estabilidade Financeira Global, que será lançado oficialmente durante as reuniões de primavera com o Banco Mundial, previstas para a semana de 21 de abril.

Impactos crescentes desde 2022

Embora o relatório não cite diretamente medidas específicas, como as recentes tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o FMI destacou um aumento considerável nas medidas de risco ligadas a conflitos, guerras, terrorismo, gastos militares e barreiras comerciais desde 2022. Segundo o Fundo, esses fatores intensificam a instabilidade nos mercados e demandam atenção redobrada por parte das instituições financeiras.

Reações do mercado e histórico de perdas

O FMI também analisou o comportamento dos mercados diante de eventos geopolíticos significativos. De acordo com o estudo, situações como guerras, tensões diplomáticas e ataques terroristas provocaram, em média, uma queda mensal de 1 ponto percentual nos preços das ações globalmente. Nos mercados emergentes, essa média chega a 2,5 pontos. Entre os exemplos mais impactantes, a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 foi citada como o tipo de evento que gera os maiores efeitos negativos, com retrações mensais de até 5 pontos percentuais nos retornos das ações.

Recomendação: preparo e resiliência

Em um blog complementar ao relatório, o FMI recomendou que as instituições financeiras mantenham níveis adequados de capital e liquidez para enfrentar perdas que possam surgir de crises geopolíticas. O Fundo também incentivou o uso de ferramentas como testes de estresse e análises aprofundadas para avaliar a exposição a esses riscos.

Mercados sob pressão

Na última semana, os mercados registraram suas maiores oscilações desde a crise da Covid-19 em 2020. O índice S&P 500, um dos principais termômetros da bolsa americana, já recuou mais de 10% desde a posse de Trump, em 20 de janeiro. O ouro, por outro lado, alcançou patamares recordes, refletindo a busca por ativos considerados mais seguros.

Riscos ampliados pela incerteza econômica

A instabilidade política e comercial se soma a um cenário de crescente preocupação com a economia. Nos Estados Unidos, o temor de inflação atingiu o nível mais alto desde 1981, de acordo com uma pesquisa com consumidores. Já instituições financeiras alertam para o risco crescente de uma recessão global.

Segundo o FMI, essa combinação de incerteza econômica e tensões geopolíticas aumenta os chamados “riscos de cauda” — perdas extremas e inesperadas em portfólios de investimento — além de elevar os prêmios de risco soberano. Esses efeitos, afirma o Fundo, podem se espalhar rapidamente por meio das conexões comerciais e financeiras entre países.

Conclusão

O relatório do FMI serve como um novo alerta sobre o impacto que conflitos geopolíticos podem ter nos mercados financeiros globais. Mesmo sem mencionar diretamente medidas específicas como as tarifas recentes dos EUA, o Fundo destaca a importância de uma abordagem preventiva por parte das instituições financeiras. Em meio à volatilidade crescente, os riscos para a estabilidade global permanecem elevados, exigindo vigilância constante e estratégias robustas de gerenciamento de risco.

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