Dólar sobe com foco em dados econômicos e tarifas dos EUA; Ibovespa registra queda
Nesta sexta-feira (28), o dólar à vista registrou alta em relação ao real, refletindo a análise de dados de emprego no Brasil e inflação nos Estados Unidos, enquanto investidores se mantêm atentos às incertezas geradas pelas possíveis tarifas do governo de Donald Trump. A moeda norte-americana avançava 0,39%, cotada a R$ 5,7674 na venda às 10h30.
Em contraste, o índice Ibovespa, que representa o principal indicador do mercado acionário brasileiro, recuava 0,26%, alcançando 132.808,42 pontos.
Análise do mercado de câmbio: Desemprego no Brasil e dados dos EUA
No Brasil, a taxa de desemprego subiu para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo o IBGE. O aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,1%) preocupou os investidores, afetando o apetite por risco no mercado financeiro. A alta do dólar frente ao real nesta sexta-feira reflete esse cenário, acumulando um aumento de 0,96% na semana.
Por outro lado, o mercado de câmbio também foi impactado pelos planos tarifários do presidente Donald Trump, que são vistos como o principal tema da semana. O presidente dos EUA anunciou novos detalhes sobre as tarifas recíprocas que serão implementadas a partir de 2 de abril. Em um primeiro momento, a possibilidade de descontos para alguns países impulsionou o otimismo no mercado. Contudo, a decisão de Trump de aplicar tarifas de 25% sobre as importações de automóveis gerou temores de uma guerra comercial global, prejudicando principalmente os ativos de economias emergentes, como o Brasil.
Impacto das tarifas de Trump e dados econômicos dos EUA
Analistas do BTG Pactual destacam que, caso as tarifas anunciadas em abril se concentrem em países com os quais os EUA têm grandes déficits comerciais, o impacto sobre o Brasil pode ser limitado. No entanto, se as tarifas forem generalizadas para setores específicos, como o aço, o Brasil poderá ser diretamente afetado.
Além disso, a política comercial de Trump continua a gerar receios sobre o potencial de inflação nos Estados Unidos e sobre uma possível desaceleração econômica. A maior economia do mundo já apresenta sinais de enfraquecimento, e os investidores estão atentos a essas mudanças. As tarifas impostas por Trump, como as de 25% sobre as importações de aço e mercadorias da China, México e Canadá, continuam a ser um fator relevante na análise da economia global.
Dados econômicos: Inflação nos EUA e desemprego no Brasil
Nos Estados Unidos, os dados sobre o índice PCE (índice de preços de consumo pessoal), usado pelo Federal Reserve como uma das principais referências para sua política monetária, mostraram uma alta de 0,3% em fevereiro, similar à registrada em janeiro. A inflação anual ficou em 2,5%, alinhando-se às expectativas do mercado. Esse cenário reforça a expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, deve manter sua taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, como foi decidido na última reunião.
No Brasil, o IBGE reportou a alta na taxa de desemprego, que atingiu 6,8%, refletindo uma leve recuperação no número de pessoas desocupadas. O mercado espera novos dados sobre a criação de empregos formais em fevereiro, com projeções de abertura de 250.000 vagas, o que poderá influenciar ainda mais o sentimento do mercado.
Conclusão
O mercado de câmbio se manteve volátil nesta sexta-feira, com o dólar se apreciando devido aos dados econômicos mistos, tanto do Brasil quanto dos EUA, além das incertezas em torno das tarifas de Donald Trump. O Ibovespa, por outro lado, seguiu a tendência de cautela, com a alta do dólar e o impacto dos dados de desemprego e inflação sendo observados de perto pelos investidores. O cenário global e os desdobramentos da política comercial dos EUA continuarão a influenciar os mercados nos próximos dias.