O dólar inicia o dia em alta devido às decisões dos bancos centrais e às incertezas geopolíticas
O dólar à vista registrou uma alta nas primeiras negociações desta sexta-feira (21), mas ainda se encaminha para sua terceira queda semanal consecutiva. O movimento de alta, que ocorreu enquanto investidores ajustavam suas posições, ocorre no contexto de decisões dos bancos centrais e incertezas geopolíticas que marcaram a semana.
Decisões de Bancos Centrais e Perspectivas Econômicas
Na quinta-feira (20), o dólar à vista fechou com uma valorização de 0,49%, cotado a R$ 5,6763. A reunião do Federal Reserve, que manteve a taxa de juros dos EUA inalterada na quarta-feira, foi um dos principais destaques da semana. A decisão foi acompanhada de uma projeção indicando que o banco central dos EUA poderá reduzir os juros mais duas vezes até o final do ano. Apesar disso, o presidente da instituição, Jerome Powell, destacou que o Fed não tem pressa para cortar as taxas, mesmo com a previsão de crescimento econômico dos Estados Unidos mais fraco em 2025.
Essas declarações impulsionaram o dólar no cenário internacional, recuperando parte das perdas acumuladas anteriormente, tanto frente a moedas fortes quanto a emergentes.
Influência Geopolítica e Expectativas de Mudanças Comerciais
O apetite por risco dos investidores também esteve em destaque no início da semana, à medida que surgiram sinais de otimismo sobre a guerra na Ucrânia, após uma conversa entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, sobre um cessar-fogo de 30 dias. Além disso, o plano da Alemanha de aumentar os gastos com defesa foi bem recebido pelos mercados, com o país aprovando um pacote histórico para investimentos.
Contudo, a atenção dos investidores deve se voltar novamente para as ameaças tarifárias feitas por Donald Trump, que prometeu anunciar tarifas recíprocas a partir de 2 de abril, o que deve continuar a movimentar os mercados nas próximas semanas, segundo analistas.
O Impacto das Decisões Internas no Brasil
Internamente, a semana foi marcada pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 14,25% ao ano. Esse aumento reforça o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, favorecendo o real e atraindo mais recursos de investidores estrangeiros.
Entretanto, o governo brasileiro também enviou ao Congresso um projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000. A proposta gerou receios fiscais no mercado, principalmente pela falta de garantias de compensação fiscal. Esse cenário de incertezas fiscais pode pressionar o câmbio para cima, de acordo com analistas.
Projeções para o Dólar
Com a tensão envolvendo as políticas tarifárias de Trump e a questão fiscal interna, analistas apontam que o dólar ainda pode fechar a semana com mais uma queda. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de outras divisas, subia 0,12% nesta sexta-feira, a 103,910.
Conclusão
Embora o dólar tenha começado o dia com valorização, o cenário semanal aponta para uma trajetória de queda, influenciada por fatores externos, como as decisões do Federal Reserve e as incertezas geopolíticas. No Brasil, a alta da Selic e os desafios fiscais continuam a influenciar o comportamento da moeda, com expectativas de que o dólar encerre o mês em queda. O mercado continuará atento aos desenvolvimentos políticos e econômicos nos próximos dias, especialmente em relação às possíveis tarifas dos EUA e às medidas fiscais adotadas pelo governo brasileiro.