Liderança da oposição solicita encontro com PGR para discutir passaporte de Eduardo Bolsonaro
O líder da oposição na Câmara dos Deputados, deputado Zucco (PL-RS), pediu uma reunião com o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, para discutir o caso envolvendo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A solicitação ocorre em meio à queixa-crime apresentada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que solicita a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro. O PT acusa o parlamentar de conspiração contra o governo brasileiro com políticos dos Estados Unidos, o que configuraria crime contra a soberania nacional. A queixa foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República, mas até o momento o órgão não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
Oposição Busca Desfazer Argumentos do Governo
Caso o pedido de reunião seja atendido, outros deputados da oposição devem se juntar a Zucco na conversa com o PGR. O objetivo do encontro seria refutar os argumentos do governo de que as viagens de Eduardo Bolsonaro estariam sendo usadas para instigar políticos estrangeiros, especialmente nos Estados Unidos, contra o STF. Em nota, o líder da oposição destacou que essa postura do governo é inadequada e que, no passado, líderes políticos do campo adversário, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recorreram a instâncias internacionais sem que isso fosse tratado como um crime.
Comando da Comissão de Relações Exteriores: Conflito de Prioridades
A solicitação da reunião com o PGR também ocorre no contexto de um embate entre o governo e a oposição sobre o comando da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN). Para o PL, a nomeação de Eduardo Bolsonaro para a presidência da comissão é uma prioridade estratégica. Nos bastidores, o PL busca usar a comissão para reforçar a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro no exterior e criar um canal de comunicação com o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.
Em uma recente entrevista à TV Câmara, Eduardo Bolsonaro defendeu sua nomeação para o cargo, destacando a importância de estabelecer uma “diplomacia legislativa” com os Estados Unidos, especialmente para estreitar laços comerciais e outros projetos bilaterais. Ele afirmou que o Brasil possui uma posição privilegiada no cenário global e que sua nomeação seria um passo importante para a retomada de uma diplomacia ativa.
Tentativas de Barrar a Nomeação de Eduardo Bolsonaro
No entanto, o PT tem buscado apoio de aliados do Centrão para bloquear a indicação de Eduardo Bolsonaro para a presidência da comissão. A base governista estabelece uma condição para aceitar o nome do parlamentar: ele deve estar sem o passaporte, em resposta à queixa-crime apresentada ao STF.
Definição das Comissões da Câmara e Expectativas
Na terça-feira (11), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou que as definições sobre as presidências das comissões devem ocorrer ainda nesta semana. O PL, por ter a maior bancada na Câmara, tem direito de escolher os dois primeiros nomes para liderar as comissões. Hugo Motta enfatizou que, embora as negociações sejam difíceis e as partes envolvidas busquem atender suas próprias prioridades, é importante encontrar um consenso durante as reuniões de líderes partidários.
Possíveis Impactos na Relação com o STF e Perspectivas Futuras
A possibilidade de o PL assumir o comando da Comissão de Relações Exteriores tem gerado preocupação em relação à postura do STF e à reação da oposição. No entanto, o presidente da Câmara, Hugo Motta, minimizou a ideia de uma crise com o STF, afirmando que a distribuição das comissões é um processo bem conhecido e não deve gerar tensões entre os poderes.
Conclusão
A busca da oposição por uma reunião com o PGR sobre o passaporte de Eduardo Bolsonaro reflete a complexa dinâmica política no Brasil, envolvendo disputas dentro da Câmara dos Deputados e tensões com o STF. O futuro da Comissão de Relações Exteriores e a discussão sobre o passaporte de Bolsonaro continuarão a ser pontos centrais nos próximos dias, com potencial de influenciar as decisões políticas e as relações entre os poderes.