Ministros do STF têm opiniões divergentes sobre a urgência em julgar Bolsonaro antes de 2026
O Supremo Tribunal Federal (STF) encontra-se em um momento de divergência interna sobre a velocidade com que deve tratar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas no inquérito referente à tentativa de golpe no Brasil. Enquanto alguns ministros defendem um ritmo acelerado, com a expectativa de que o recebimento da denúncia aconteça ainda neste mês e o julgamento de mérito até o final de 2025, outros consideram que o processo deverá se arrastar por mais tempo, dado o perfil dos investigados.
Expectativa por Julgamento Rápido: O Apelo Político e os Desafios Processuais
Em 2023, o STF demonstrou celeridade ao tratar da invasão aos prédios dos Três Poderes, com a aceitação das primeiras denúncias ainda em abril e as primeiras condenações ocorrendo em setembro. Essa velocidade foi vista como necessária em um contexto de grande tensão política e social. Entretanto, no caso de Bolsonaro e os outros investigados, a situação é mais complexa.
Ministros da Corte apontam que o fato de o ex-presidente estar no centro da acusação pode implicar em um processo mais demorado. Para um dos ministros mais experientes, o julgamento pode exigir mais tempo do que se imagina, principalmente devido à necessidade de uma descrição detalhada das condutas dos investigados. “O voto do relator, que irá expor a conduta de cada acusado, pode exigir quatro sessões ou mais”, afirmou o ministro, ressaltando o caráter técnico e minucioso da análise que será necessária.
Além disso, a presença de advogados de defesa experientes pode levar a muitos pedidos protelatórios, atrasando ainda mais o andamento do processo. Isso é visto como um fator complicador para aqueles que defendem uma solução rápida.
A Previsão de Aceleração e os Impasses Processuais
Embora uma ala do STF tenha manifestado o desejo de encerrar o caso rapidamente, com a ideia de que a denúncia seja recebida ainda em março e o julgamento de mérito seja realizado até o fim de 2025, essa previsão é considerada otimista por muitos. Segundo um dos ministros, a pressão política por uma solução rápida, visando o ano eleitoral de 2026, pode comprometer a análise cuidadosa dos fatos e das evidências.
Para esse ministro, diversos “incidentes processuais” deverão surgir ao longo do julgamento, como questionamentos jurídicos e recursos das defesas, que vão dificultar um desfecho rápido. O contexto político também pesa, dado que o ex-presidente e outros envolvidos têm grande visibilidade pública, o que torna o processo ainda mais complexo.
Conclusão
A divisão de opiniões no STF sobre a aceleração do julgamento de Bolsonaro e outros acusados da tentativa de golpe reflete a complexidade do processo. Embora exista o desejo de resolver a questão rapidamente, o caminho até o julgamento final será repleto de obstáculos legais e processuais. Assim, é provável que o julgamento se arraste por um período mais longo do que se imagina, exigindo paciência e cautela por parte da Corte para garantir um processo justo e imparcial.