Cid afirma que ex-comandante do Exército considerou punir Mario Fernandes
Em depoimento de delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou detalhes explosivos sobre a suposta trama golpista que envolveu membros do governo Bolsonaro. Cid afirmou que o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, chegou a cogitar punir o general da reserva Mario Fernandes, após a descoberta de suas ações e sua suposta ligação com planos de golpe de Estado.
O plano “Punhal Verde e Amarelo” e a tentativa de golpe
A Polícia Federal identificou Mario Fernandes como o responsável por elaborar um plano que visava a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo Cid, Fernandes era um dos principais incentivadores de uma ação das Forças Armadas para impedir a posse de Lula em 2022, com a alegação de uma tentativa de golpe.
O depoimento de Cid revelou que Fernandes demonstrava uma postura muito ativa e visível nas redes sociais, se alinhando abertamente aos manifestantes que contestavam os resultados das eleições. Para Cid, a pressão exercida por Fernandes sobre outros generais para agir em apoio a esse movimento foi um dos fatores que levou o general Freire Gomes a questionar suas atitudes.
Reações internas no Exército: Freire Gomes se opõe
O ex-ajudante de ordens também afirmou que o general Freire Gomes, então comandante do Exército, expressou forte preocupação com a postura de Fernandes. Ao descobrir que Fernandes se reunia frequentemente com o presidente Bolsonaro, Freire Gomes teria entrado em contato com Cid, demonstrando apreensão. “Esse cara é maluco, tira ele daí”, teria dito Freire Gomes ao saber dos encontros entre Fernandes e o ex-presidente.
Além disso, Cid mencionou que Freire Gomes se opôs aos encontros e cobrou explicações sobre a relação entre Bolsonaro e o general da reserva, enfatizando a tensão interna dentro do Exército.
Desdobramentos legais e a investigação
Nesta quarta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu retirar o sigilo do acordo de delação premiada de Mauro Cid, o que possibilitou a divulgação dos depoimentos do ex-ajudante de ordens. As informações fornecidas por Cid tiveram um impacto direto nas investigações da Polícia Federal, que indiciou o ex-presidente Bolsonaro por sua suposta participação no plano de golpe. Como resultado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas envolvidas na trama golpista.
Conclusão
As revelações de Mauro Cid adicionam mais um capítulo sombrio ao período pós-eleitoral de 2022, expondo a profundidade das divisões e tensões dentro do governo Bolsonaro e das Forças Armadas. A tentativa de golpe, como descrita nos depoimentos, não apenas abala a confiança nas instituições democráticas, mas também destaca o papel de figuras militares chave no que poderia ter sido um ataque direto à democracia.
Com a retirada do sigilo dos depoimentos e a continuação das investigações, o caso segue se desenrolando e promete trazer mais detalhes sobre as intenções e as ações daqueles que estavam dispostos a subverter o resultado das urnas. A justiça continuará a avaliar as responsabilidades e as consequências desses eventos, com repercussões que podem impactar o futuro político e militar do Brasil.