Em uma reunião, os ministros destacaram as medidas da Fazenda como um fator de desgaste
Dois dias após a divulgação de uma pesquisa Datafolha que mostrou uma queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), membros de sua equipe mais próxima foram convocados a uma reunião para discutir as causas da crise política e formas de reverter a situação. O encontro, realizado no domingo (16) na residência oficial da Granja do Torto, foi uma tentativa de diagnosticar o que levou à perda de apoio popular e elaborar estratégias para recuperar a confiança da população.
O impacto das medidas da Fazenda
Durante a reunião, alguns ministros do governo Lula identificaram as medidas implementadas pelo Ministério da Fazenda como os principais fatores responsáveis pelo desgaste. Entre os tópicos mais citados estavam a “fake news” sobre a taxação do Pix e a polêmica do imposto sobre compras internacionais, popularmente conhecida como “taxa da blusinha”. Ambas as questões tiveram grande repercussão nas redes sociais e geraram um sentimento de insatisfação entre a população, afetando diretamente a popularidade do presidente.
O debate sobre essas medidas ocorreu na ausência do titular da Fazenda, Fernando Haddad, que estava em viagem ao Oriente Médio, mas o impacto das suas ações e a forma como a comunicação do governo lidou com os temas foram amplamente discutidos.
Coordenação e gestão de Rui Costa
Outro ponto de atrito entre os ministros foi a atuação do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Alguns integrantes do governo destacaram dificuldades na coordenação das ações do governo, especialmente em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que é uma das principais bandeiras da gestão Lula. A falta de alinhamento nas estratégias e a sensação de que algumas áreas do governo não estão conseguindo executar eficientemente as ações previstas geraram desconforto no ambiente político.
Além da Fazenda: inflação e comunicação
A crise de popularidade também não pode ser explicada apenas pelas ações do Ministério da Fazenda. A inflação dos alimentos, que tem aumentado constantemente, foi apontada como um fator importante no desgaste do governo, embora não esteja diretamente ligada ao trabalho de Haddad. Além disso, o governo foi criticado pela falta de uma comunicação mais eficaz, o que tem dificultado a divulgação de suas ações e os benefícios das políticas públicas. A intenção é agora focar na melhoria dessa comunicação e informar de maneira mais clara à população sobre os serviços e ações do governo.
Desafios e estratégias para reconquistar a confiança
Embora haja críticas à gestão econômica, o presidente Lula tem se mostrado confiante nas medidas econômicas como forma de recuperar a popularidade. Entre as ações em andamento, está a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma medida que já foi anunciada, mas que gerou controvérsias, especialmente entre os agentes de mercado. O governo também aposta em programas como o “pé-de-meia”, que oferece bônus financeiros para jovens no ensino médio e estudantes interessados em cursar magistério, além de ampliação do Farmácia Popular e a possibilidade de consignado privado.
Conclusão
A crise de popularidade de Lula reflete um momento de turbulência em sua gestão, com desafios tanto na coordenação das ações do governo quanto nas medidas econômicas adotadas. A reunião entre os ministros foi um passo importante para tentar entender as causas desse desgaste e buscar soluções. A principal estratégia agora parece ser melhorar a comunicação e focar em ações que possam beneficiar diretamente a população, como as medidas de isenção de impostos e apoio a setores sociais. No entanto, a relação com o mercado e a gestão das questões econômicas ainda serão um ponto crucial para a estabilidade política do governo nos próximos meses.
