Politica

A PGR revela que Bolsonaro acreditava que conquistaria 70% dos votos nas eleições de 2022

Denúncia apresentada ao STF revela reuniões do ex-presidente com ministros e militares para discutir planos de reeleição e ataques ao processo democrático

A Procuradoria-Geral da República (PGR) trouxe à tona, nesta terça-feira (18), novas acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alegando que o político acreditava que conquistaria “70% dos votos” nas eleições presidenciais de 2022. Essa afirmação foi registrada na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que inclui Bolsonaro e mais 33 pessoas acusadas de cometer atos contra o Estado Democrático de Direito.

PEC da Bondade: A Esperança de Garantir a Vitória Eleitoral

De acordo com a PGR, Bolsonaro teria discutido a expectativa de vitória e a estratégia para reeleição durante uma reunião em julho de 2022 com ministros do governo e os comandantes das Forças Armadas. A pauta da conversa estava centrada na “PEC da Bondade”, uma proposta que visava aumentar os benefícios sociais, como o Auxílio Brasil e o vale-gás, além de criar auxílios para taxistas e caminhoneiros. Bolsonaro via essa proposta como um movimento capaz de garantir sua reeleição, acreditando que o aumento dos votos seria uma consequência direta dessas ações.

O ex-presidente afirmou durante o encontro: “A Câmara deve votar hoje a PEC da Bondade, como é chamada, né? E não tem como, depois dessa PEC da Bondade, a gente não tá pensando nisso, manter 70% dos votos, ok? Mas a gente vai ter 49% dos votos, vou explicar porque, né”. Na visão de Bolsonaro, se o percentual de votos fosse inferior a 70%, isso indicaria fraude no sistema eletrônico de votação.

Fraude no Sistema Eleitoral: Convocação para Atacar as Instituições Democráticas

A denúncia da PGR também revela que Bolsonaro, mesmo com a implementação da PEC, já havia formulado a ideia de que não venceria a eleição de forma legítima. Para ele, haveria uma suposta fraude no processo eleitoral que impediria sua reeleição. A PGR aponta que, durante a reunião, Bolsonaro inflamou ministros e aliados, incentivando-os a atacar o sistema eleitoral, em especial as urnas eletrônicas.

De acordo com o relatório da Procuradoria, o ex-presidente teria solicitado aos membros de seu governo que intensificassem os ataques ao processo eleitoral, enfraquecendo as instituições democráticas e fomentando uma narrativa de fraude que visava desacreditar o resultado das urnas.

Investigação em Andamento: Próximos Passos no STF

Com a denúncia formalizada ao Supremo Tribunal Federal, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, determinou que os advogados dos acusados apresentem defesa em até 15 dias. Caso haja contestações, Moraes dará à PGR a oportunidade de responder às alegações no prazo de cinco dias.

Após esse procedimento, o ministro avaliará os argumentos das defesas e decidirá se o caso está pronto para julgamento. Quando for o momento, o caso será encaminhado à Primeira Turma do STF, que tomará a decisão final sobre a transformação dos denunciados em réus.

Conclusão

As novas acusações contra Bolsonaro revelam um esforço de enfraquecimento das instituições democráticas e apontam um nível alarmante de estratégia por parte do ex-presidente para garantir sua reeleição, mesmo à custa de descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro. A discussão da PEC da Bondade e a subsequente narrativa de fraude eleitoral destacam as tensões políticas e os desafios que marcaram o último período do governo Bolsonaro. O andamento da denúncia no STF e a possível responsabilização dos envolvidos terão repercussões significativas para o futuro político e jurídico do ex-presidente e de seu governo.

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