Em encontro, ministros apontam as ações do Ministério da Fazenda como um fator de desgaste
Reunião na Granja do Torto discute crise de popularidade do presidente e os desafios internos do governo
Dois dias após a divulgação da pesquisa Datafolha que apontou queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros mais próximos ao chefe do Executivo foram convocados para uma reunião de emergência, no último domingo (16), na residência oficial da Granja do Torto. O encontro teve como objetivo discutir os motivos da crise e as estratégias para reverter a perda de apoio popular.
Críticas à Fazenda: Fake News e Taxações Impopulares
Durante a reunião, membros do governo apontaram as ações do Ministério da Fazenda como um dos principais fatores do desgaste. Dentre as críticas, a fake news relacionada à taxação do Pix e o polêmico imposto sobre compras internacionais, conhecido como a “taxa da blusinha”, se destacaram como principais responsáveis pela queda de popularidade de Lula. Tais propostas, elaboradas pela Receita Federal e aprovadas por Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, geraram um grande desconforto nas redes sociais e repercutiram negativamente entre a população.
A reunião aconteceu sem a presença de Haddad, que está em viagem ao Oriente Médio e só retorna ao Brasil na próxima quinta-feira (19). Essa ausência gerou mais um foco de tensão, com críticas à coordenação das ações do governo, que recaíram também sobre o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Rui Costa e Desafios na Coordenação do Governo
Outro ponto de insatisfação durante o encontro foi a atuação do ministro Rui Costa, responsável pela Casa Civil. Parte dos ministros presentes apontou falhas na coordenação de ações do governo, especialmente no que diz respeito à execução das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras do governo Lula. A falta de eficácia nas ações da Casa Civil foi destacada como um fator adicional que contribui para o desgaste interno do governo.
Inflação de Alimentos e Falhas na Comunicação: Novos Desafios
Além das questões envolvendo a Fazenda, a inflação dos alimentos também foi identificada como um problema recorrente que impacta diretamente a popularidade do presidente. Embora não esteja diretamente ligada à atuação do Ministério da Fazenda, o aumento constante nos preços dos alimentos tem gerado insatisfação popular.
A reunião também destacou falhas de comunicação do governo, que não tem conseguido divulgar de forma eficaz suas ações e conquistas. A estratégia agora será intensificar a divulgação de serviços e ações do governo para a população, a fim de melhorar a percepção pública sobre as iniciativas em andamento.
Medidas Econômicas para Recuperar a Popularidade: Novos Desafios à Frente
Apesar das críticas internas, Lula ainda acredita nas medidas econômicas como forma de recuperar a popularidade. A isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, o aumento do “pé-de-meia” (bônus para jovens do ensino médio e estudantes de magistério) e a ampliação do programa Farmácia Popular são algumas das ações que o governo aposta para reconquistar a confiança popular.
O governo também está implementando iniciativas para expandir o acesso a crédito e consórcios privados, visando melhorar a condição financeira da população. No entanto, a recente revogação da portaria do Pix e o anúncio de um pacote de cortes de gastos, que incluiu o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, geraram desgaste com os agentes de mercado, afetando ainda mais a credibilidade do governo.
Conclusão
O governo Lula enfrenta um momento de tensão interna, com ministros apontando a falta de coordenação e as ações do Ministério da Fazenda como fatores de desgaste. Além disso, questões como a inflação dos alimentos e a comunicação ineficaz do governo com a população complicam ainda mais o cenário político. Para recuperar a confiança do público e superar a crise de popularidade, será essencial para o presidente ajustar sua estratégia econômica e fortalecer a comunicação com os cidadãos. O apoio de seus ministros e a articulação interna serão cruciais para reverter esse momento delicado no governo.