Aço Brasil manifesta surpresa com a decisão de Trump e ressalta confiança no diálogo
Na última terça-feira, o Instituto Aço Brasil, principal representante do setor de aço no país, divulgou uma nota oficial expressando sua surpresa e preocupação com a decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço, sem considerar a origem dos produtos. A medida, anunciada em 10 de fevereiro, vai contra um acordo firmado em 2018 entre os dois países, no qual foram estabelecidas cotas para a importação de aço brasileiro para os EUA.
Surpresa com a mudança nas tarifas
O Instituto Aço Brasil mostrou-se surpreso com a mudança abrupta nas políticas comerciais dos EUA, já que a decisão derruba um pacto firmado ainda no primeiro mandato do presidente Donald Trump. Em 2018, os governos dos dois países negociaram um acordo que permitiu ao Brasil exportar aço para os EUA dentro de cotas pré-estabelecidas, com volumes definidos de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados. Esse pacto havia sido considerado um avanço para as indústrias de aço de ambos os países, mas a nova tarifa coloca em risco o acesso do Brasil ao seu principal mercado externo de aço.
Impactos para o Brasil e os EUA
A decisão dos EUA pode afetar diretamente as exportações brasileiras de aço, dado que, embora o Brasil tenha uma pequena participação nas importações totais de aço dos EUA, com menos de 1%, o mercado norte-americano é responsável por uma parcela significativa das exportações do setor brasileiro. Em 2024, o Brasil exportou cerca de 3,4 milhões de toneladas de aço para os EUA, uma quantidade que cumpriu rigorosamente as condições acordadas nas cotas. O Instituto Aço Brasil destaca que o Brasil tem competitividade para fornecer aço de qualidade para o mercado americano, mas a nova tarifa pode tornar os produtos brasileiros menos atrativos devido à sobretaxa.
Aumento da concorrência predatória e o pedido por medidas de defesa comercial
Além dos impactos imediatos para as exportações, o Instituto Aço Brasil também expressa preocupação com as consequências indiretas que a nova tarifa pode gerar. Com a alta das tarifas sobre o aço brasileiro, outros países, como a China, poderão buscar o Brasil como uma alternativa para exportar seus produtos, potencialmente saturando o mercado local com preços mais baixos e práticas comerciais desleais. O Instituto, por isso, pediu ao governo brasileiro a implementação de medidas de defesa comercial para proteger a indústria nacional contra essa concorrência predatória.
Confiança em uma resolução por meio do diálogo
Apesar das preocupações, o Instituto Aço Brasil se mantém otimista quanto à possibilidade de um diálogo entre os governos dos EUA e Brasil para restabelecer as condições comerciais acordadas em 2018. A entidade acredita que uma solução negociada será benéfica para ambas as partes, considerando a longa parceria comercial entre os dois países e o superávit comercial dos EUA com o Brasil, que nos últimos cinco anos foi de aproximadamente US$ 6 bilhões. A associação acredita que a imposição de uma tarifa de 25% sobre o aço brasileiro não só prejudica a indústria brasileira, mas também pode afetar negativamente o mercado de aço nos Estados Unidos, que depende do fornecimento de produtos de aço de alta qualidade.
Conclusão
O cenário que se desenha após a imposição das novas tarifas é de incertezas tanto para os exportadores brasileiros quanto para os importadores americanos, que podem enfrentar aumento de preços devido à escassez de aço de alta qualidade. O Instituto Aço Brasil reforça a necessidade de um diálogo contínuo entre os dois países, no intuito de resolver essa disputa de forma que preserve a competitividade do aço brasileiro no mercado internacional e garanta a estabilidade do comércio entre Brasil e Estados Unidos. Em um mercado global cada vez mais competitivo, medidas unilaterais como a tarifa de 25% podem trazer mais prejuízos do que benefícios para ambas as partes, e é no entendimento mútuo que as soluções mais eficazes poderão ser encontradas.