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IBGE aponta queda de 0,3% na produção industrial do Brasil em dezembro

A produção industrial brasileira apresentou uma queda de 0,3% em dezembro de 2024, conforme os dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar desse desempenho negativo no último mês do ano, o setor industrial fechou o período com crescimento, marcando um avanço de 3,1% em relação ao ano anterior. Este aumento foi impulsionado por uma recuperação no mercado de trabalho e pelo crescimento da demanda das famílias.

Queda em dezembro e perspectivas para 2025

Apesar da alta acumulada de 3,1% no ano, o resultado de dezembro reflete a perda de força da economia, com indícios de desaceleração para 2025. O número ficou abaixo das previsões do mercado, que esperavam uma queda de 0,5% na produção mensal e uma alta de 1,1% em relação a dezembro de 2023. O cenário de desaceleração pode ser explicado por uma série de fatores, como a elevação da taxa de juros, a desvalorização do real e a inflação elevada, que afetaram negativamente a confiança das famílias e empresários.

André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE, apontou que o crescimento do setor industrial em 2024 foi beneficiado pela melhora do mercado de trabalho, pela queda da taxa de desocupação e pelo aumento na renda das famílias, impulsionado pelos estímulos fiscais e pela concessão de crédito mais favorável. No entanto, a perda de dinamismo no final do ano está atrelada ao impacto da política monetária, especialmente o aumento das taxas de juros e a alta da inflação.

Setores em alta e queda

A produção de bens de consumo foi uma das áreas mais afetadas em dezembro, com uma queda de 2,2%. O desempenho negativo também foi registrado em bens de capital, que recuaram 1,1%. Por outro lado, a produção de bens intermediários teve um desempenho ligeiramente positivo, com alta de 0,6%.

Em termos de desempenho anual, alguns setores se destacaram com grandes avanços. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias registrou um crescimento de 12,5%, enquanto equipamentos de informática e produtos eletrônicos subiram 14,7%. Já as máquinas e aparelhos elétricos também contribuíram significativamente com uma alta de 12,2%.

Impactos da política monetária e do cenário econômico

A desaceleração da produção industrial no último mês de 2024 reflete os efeitos do aumento das taxas de juros pelo Banco Central, que elevou a Selic para 13,25% ao ano em dezembro e já sinalizou mais um aumento para março de 2025. A elevação dos juros visa controlar a inflação, mas também tem impacto sobre o crédito e os custos da produção, o que pode dificultar o crescimento econômico no curto prazo.

Adicionalmente, a desvalorização do real e o aumento nos preços, especialmente dos alimentos, continuam sendo desafios para o setor produtivo, que já enfrentava um ambiente de insegurança nas compras e vendas.

Expectativas para 2025

O ano de 2024 terminou com uma alta acumulada de 3,1% na produção industrial, mas o desempenho de dezembro e os indicadores econômicos apontam para um início de 2025 mais difícil. A expectativa é que o cenário de desaceleração continue, principalmente devido às políticas monetárias restritivas e à volatilidade cambial.

O desempenho dos setores como o varejo e o volume de serviços, que ainda precisam ser divulgados pelo IBGE, fornecerão um panorama mais claro sobre o impacto do último trimestre de 2024 e a temperatura da atividade econômica no início de 2025.

Conclusão

Embora o setor industrial brasileiro tenha apresentado uma alta significativa em 2024, a queda de 0,3% em dezembro e os desafios econômicos, como o aumento da taxa de juros e a inflação elevada, sugerem que 2025 será um ano de desaceleração. O governo, portanto, precisa monitorar de perto esses indicadores para ajustar políticas que possam minimizar os impactos da crise econômica e sustentar o crescimento no futuro.

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