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Zema responde a declaração de Lula sobre Jesus: “Nunca cobraria juros abusivos”

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, respondeu de maneira contundente às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante evento na quarta-feira (22), comentou a renegociação das dívidas dos estados com a União. Lula havia sugerido que, caso Jesus Cristo fosse candidato à Presidência, ele seria capaz de fazer o que o governo federal fez ao facilitar a repactuação das dívidas estaduais. A fala foi criticada por Zema, que, em resposta, usou suas redes sociais para esclarecer sua posição.

Lula e a Comparação com Jesus Cristo

O comentário de Lula ocorreu durante a assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG, quando o presidente falou sobre a lei sancionada que permite a renegociação das dívidas de estados como Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul com a União. Em tom descontraído, o presidente afirmou que “talvez só Jesus Cristo fizesse” o que ele fez pelos estados, ao renegociar as dívidas de maneira mais favorável para os governadores.

A comparação entre a ação do presidente e a figura de Jesus gerou reações imediatas, especialmente de opositores políticos. Zema foi um dos primeiros a rebater a fala de Lula, utilizando as redes sociais para expressar sua opinião.

A Resposta de Zema: Juros Abusivos e Justiça Fiscal

Em sua postagem, Romeu Zema destacou que, embora o governo de Minas Gerais honre suas obrigações financeiras, a situação das dívidas estaduais com a União não pode ser tratada com indiferença ou demagogia. “Presidente Lula, Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil. Vamos honrar todas nossas obrigações, mas esperamos que os deputados derrubem os vetos ao PROPAG para trazer justiça e previsibilidade ao Estado”, escreveu o governador.

Zema se referiu ao PROPAG, o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, que busca a renegociação de mais de R$ 760 bilhões em dívidas dos estados com a União. A proposta, que deve ser analisada pelo Congresso, prevê o pagamento das dívidas em até 30 anos, com juros corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atualmente em 4,5% ao ano, acrescido de uma taxa adicional de 2% a 4%, dependendo do acordo de cada estado. Atualmente, as dívidas são corrigidas por uma combinação de 4% ao ano mais o IPCA ou a Selic, que está em 12,25%.

Zema, assim como outros governadores, tem sido crítico da taxa de juros aplicada sobre as dívidas dos estados, considerando-a excessiva e prejudicial às finanças estaduais. A proposta de renegociação busca, entre outras coisas, reduzir esse impacto financeiro.

A Polêmica da Renegociação das Dívidas Estaduais

O PROPAG surgiu como uma tentativa do governo federal de aliviar o peso das dívidas estaduais, especialmente em um cenário econômico difícil. Cerca de 90% do total das dívidas estaduais com a União, que somam mais de R$ 760 bilhões, são concentradas em apenas quatro estados: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Para esses estados, a renegociação é vista como uma oportunidade de reequilibrar suas contas e garantir o cumprimento de suas obrigações sem comprometer suas finanças futuras.

No entanto, a medida não está isenta de controvérsias. A oposição, incluindo governadores de diferentes partidos, tem criticado os termos do PROPAG, especialmente no que diz respeito à alta carga de juros. Zema, por exemplo, tem pressionado pela derrubada de vetos ao projeto, na esperança de que a medida possa trazer mais justiça fiscal e previsibilidade para o Estado de Minas Gerais.

Conclusão

O confronto entre Zema e Lula sobre a renegociação das dívidas estaduais reflete a complexidade da questão fiscal no Brasil. De um lado, o governo federal tenta aliviar a carga das dívidas estaduais, mas, do outro, governadores como Zema buscam condições mais favoráveis para suas gestões, especialmente em relação aos juros aplicados. A fala de Lula, embora no tom de brincadeira, gerou um debate importante sobre os limites da intervenção federal na gestão financeira dos estados e a necessidade de se buscar um equilíbrio mais justo nas renegociações.

Com a expectativa de que o Congresso ainda se pronuncie sobre o PROPAG, o futuro da renegociação das dívidas estaduais continua sendo uma questão central no cenário político e econômico brasileiro. Para Zema e outros governadores, a luta por um ajuste fiscal mais equilibrado e menos oneroso para os estados promete continuar sendo uma das bandeiras políticas de 2025.

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