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Análise: Autocrítica de Tarcísio sobre câmeras da PM é vista como superficial

A recente manifestação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em relação à utilização de câmeras corporais nas fardas da Polícia Militar, gerou reações de ceticismo e críticas entre especialistas em segurança pública e políticos da oposição. O gesto, apresentado como uma reflexão sobre a eficácia e os impactos da medida, foi visto por muitos como uma movimentação calculada, mais voltada para satisfazer críticas crescentes do que uma mudança real de postura.

O que disse Tarcísio?

Durante um evento público, o governador admitiu que a política das câmeras, implementada de forma pioneira por gestões anteriores, merece “reavaliação”. Segundo ele, é fundamental equilibrar a transparência na ação policial com a eficiência no combate ao crime, alegando que os dispositivos podem gerar “limitações operacionais”.

Reação de especialistas

Para críticos, a declaração não passa de uma estratégia política para conter danos após meses de pressão da bancada policial e setores conservadores. A socióloga Marina Rezende, da USP, afirmou que a autocrítica de Tarcísio parece “cenográfica”, pois não é acompanhada de mudanças concretas nem embasada em novos estudos.

“As câmeras já demonstraram redução significativa de letalidade policial, e qualquer recuo seria um retrocesso grave”, disse Rezende.

Impactos das câmeras

Desde sua implementação em 2021, o programa de câmeras corporais trouxe resultados expressivos, como a redução de 85% nas mortes em ações da PM em algumas regiões do estado. Organizações de direitos humanos e familiares de vítimas têm defendido a continuidade da medida como fundamental para aumentar a responsabilidade dos agentes.

O contexto político

Analistas apontam que a declaração ocorre em um momento delicado, em que Tarcísio tenta manter o equilíbrio entre grupos opostos: a base progressista, que exige transparência, e os setores mais conservadores, que demandam maior liberdade para a PM.

O cenário é ainda mais complexo em razão de rumores sobre as pretensões de Tarcísio para 2026, o que exigiria um discurso mais moderado para conquistar eleitores em nível nacional.

O que esperar?

Embora a fala sugira disposição para diálogo, ações concretas ainda não foram anunciadas. A oposição promete pressionar para garantir que a política de câmeras não seja desmontada, enquanto a sociedade civil aguarda por mais clareza sobre os próximos passos do governo.

Conclusão

A autocrítica de Tarcísio sobre o uso de câmeras pela PM soa mais como um cálculo político do que uma verdadeira revisão de estratégia. Sem compromissos claros ou novas medidas, o governador pode enfrentar dificuldades em convencer tanto aliados quanto críticos sobre a sinceridade de suas intenções.

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