Bolsonaro ironiza investigação de golpe: “Chifre em cabeça de cavalo”
Durante uma live realizada na noite desta quinta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro desdenhou das investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado, chamando o inquérito de “chifre em cabeça de cavalo”. A declaração provocou reações imediatas tanto de seus apoiadores quanto de críticos, aumentando a polarização em torno do tema.
A declaração
Em tom irônico, Bolsonaro criticou a atuação da PF e do Supremo Tribunal Federal (STF), que lidera as apurações sobre um suposto plano golpista envolvendo militares e figuras próximas ao seu governo. “Estão inventando histórias. Não tem nem cavalo, mas estão lá procurando chifre”, disse o ex-presidente. Ele ainda sugeriu que as investigações são parte de uma perseguição política: “Querem me tirar do jogo em 2026. É isso que está em curso.”
A fala ocorre em um momento delicado, em que a PF indiciou Bolsonaro e mais 35 pessoas, incluindo o general Braga Netto, seu ex-vice e braço direito, por participação em atos para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.
Reações políticas
A declaração gerou repercussão imediata. O deputado federal André Janones (Avante-MG), conhecido crítico de Bolsonaro, afirmou nas redes sociais: “Enquanto ele brinca, a democracia segue sendo ameaçada. Quem procura ‘chifre’ é porque tem algo a esconder.”
Já aliados do ex-presidente, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), minimizaram a fala e reforçaram o discurso de perseguição: “As instituições precisam respeitar a vontade popular. Não há nada além de suposições nesse inquérito.”
Impacto das investigações
As investigações ganharam tração após delações premiadas de figuras próximas ao governo Bolsonaro, como Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que implicou outros aliados em uma possível conspiração para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. A PF também identificou movimentações financeiras e comunicações suspeitas que reforçam a tese de articulações golpistas.
Analistas políticos avaliam que as declarações de Bolsonaro podem ter um duplo efeito: energizar sua base mais fiel, que vê nas investigações um ataque à direita, e, ao mesmo tempo, afastar eleitores moderados preocupados com os desdobramentos jurídicos.
Bolsonaro e 2026
Apesar do desgaste político, Bolsonaro continua articulando sua candidatura para as eleições presidenciais de 2026. Contudo, as investigações podem colocar sua elegibilidade em risco, dependendo dos desdobramentos judiciais.
Enquanto isso, a oposição utiliza o episódio para pressionar por respostas mais contundentes das instituições democráticas. “A Justiça precisa agir com firmeza e garantir que atos como esses nunca mais sejam tolerados”, disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Próximos passos
O inquérito sobre a tentativa de golpe segue avançando, com novas oitivas e análises de documentos previstas para as próximas semanas. Bolsonaro, por sua vez, deve continuar utilizando suas aparições públicas para mobilizar sua base e tentar deslegitimar o processo. O cenário promete mais capítulos de tensão política no país.