Economia

Se Trump deportar 7,5 milhões, inflação nos EUA explode, diz Campos Neto

A proposta de Donald Trump de deportar 7,5 milhões de imigrantes sem documentação legal causou reações dentro e fora dos Estados Unidos. Entre as análises de impacto, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que uma medida dessa magnitude poderia resultar em uma explosão inflacionária na economia americana.


O alerta de Campos Neto

Em um evento com economistas em Brasília, Campos Neto destacou que a deportação massiva de milhões de imigrantes poderia afetar profundamente a força de trabalho nos Estados Unidos, gerando pressões inflacionárias em setores cruciais como agricultura, construção civil e serviços domésticos.

“Imigrantes desempenham um papel essencial na economia americana. Reduzir drasticamente essa mão de obra criaria gargalos de produção e aumentaria os custos para empresas, que repassariam isso aos consumidores”, explicou Campos Neto.

O impacto seria ainda mais sentido em um momento em que a inflação americana começa a ser controlada após altas históricas recentes, tornando a economia mais vulnerável a choques.


Impactos no mercado de trabalho americano

Atualmente, os imigrantes representam cerca de 13% da população dos EUA e desempenham funções essenciais em áreas com grande dependência de mão de obra física. Em estados como Califórnia, Texas e Flórida, a contribuição dos imigrantes sem documentação é significativa em setores como agricultura e construção civil, onde já há falta de trabalhadores.

A deportação em massa poderia:

  • Aumentar o custo da mão de obra: Com menos trabalhadores disponíveis, os empregadores teriam que aumentar salários para atrair cidadãos americanos para preencher essas vagas.
  • Disruptar cadeias produtivas: Setores como o de alimentos poderiam sofrer atrasos e encarecimento, já que muitos imigrantes trabalham na colheita e distribuição de produtos agrícolas.
  • Reduzir o consumo: A saída de milhões de pessoas também impactaria diretamente o consumo interno, enfraquecendo a demanda por bens e serviços.

As implicações políticas e sociais

A proposta de Trump enfrenta críticas dentro e fora dos EUA. Muitos argumentam que, além do impacto econômico, a deportação de milhões de pessoas seria logisticamente inviável e eticamente questionável.

Especialistas apontam que medidas extremas como essa poderiam agravar tensões sociais, especialmente em comunidades onde os imigrantes são amplamente integrados.

Por outro lado, Trump tem reforçado a narrativa de que a deportação é necessária para combater o desemprego entre americanos e melhorar a segurança nas fronteiras, uma mensagem que ecoa entre seus apoiadores mais conservadores.


Brasil e a política migratória dos EUA

Campos Neto também ressaltou que as mudanças na política migratória dos EUA poderiam ter reflexos globais, incluindo o Brasil. Com uma desaceleração econômica americana, países emergentes como o Brasil poderiam sofrer impactos indiretos, como redução na demanda por commodities e enfraquecimento do dólar, que é um dos motores do comércio internacional.

Além disso, ele reforçou a importância de monitorar as tensões políticas internacionais para prever como mudanças drásticas nos EUA poderiam influenciar as economias globais interligadas.


O futuro da proposta

A deportação massiva permanece como uma das promessas mais polêmicas de Trump em sua tentativa de retornar à presidência em 2025. Apesar da resistência de diversos setores econômicos e políticos, a proposta ilustra como a política migratória continuará sendo um tema central nas eleições americanas e terá repercussões muito além das fronteiras dos Estados Unidos.

Para economistas como Campos Neto, o alerta serve como um lembrete de que decisões políticas com forte apelo eleitoral podem ter consequências econômicas graves e de longo alcance.

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