Politica

Meirelles critica política econômica de Lula e defende teto de gastos

Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, fez duras críticas à condução econômica do governo Lula durante um evento voltado para o mercado financeiro nesta segunda-feira (10). Segundo Meirelles, o cenário atual de necessidade de cortes nos gastos públicos poderia ter sido evitado caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse mantido o teto de gastos, regra fiscal implementada em 2016 durante o governo de Michel Temer.

“O teto garantia previsibilidade”

Meirelles afirmou que o teto de gastos foi uma das medidas mais importantes para a estabilização fiscal do Brasil, oferecendo previsibilidade e controle das contas públicas. “A regra era clara: o governo só podia gastar dentro do limite permitido, e isso criava uma base sólida para a economia crescer sem descontrole inflacionário”, explicou.

Para o economista, a decisão de Lula de substituir o teto por uma nova âncora fiscal abriu espaço para pressões por aumento de despesas. “Quando você flexibiliza a regra, cria brechas para gastos adicionais, e isso acaba resultando em ajustes mais duros depois, como os cortes que agora se discutem”, completou.

Os cortes e a nova regra fiscal

O governo Lula enfrenta um cenário fiscal apertado, com dificuldades para cumprir as metas estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal. Apesar de promessas de aumentar a arrecadação, os resultados têm ficado abaixo do esperado, forçando o governo a cogitar cortes significativos no orçamento para evitar o descontrole das contas públicas.

Meirelles argumenta que a nova regra fiscal, ao permitir que os gastos cresçam de acordo com a arrecadação, incentiva um ciclo de aumento de despesas sem um controle rigoroso. “O problema é que as receitas podem variar, mas as despesas, uma vez autorizadas, dificilmente diminuem”, destacou.

Impacto político e econômico

As declarações de Meirelles ecoam críticas frequentes feitas por analistas econômicos à política fiscal do governo Lula. Além disso, elas colocam em evidência um debate sobre a eficácia do teto de gastos e a viabilidade do novo arcabouço fiscal.

Para aliados do governo, no entanto, o teto de gastos era uma medida que engessava o Estado e impedia investimentos necessários em áreas como saúde, educação e infraestrutura. Já críticos, como Meirelles, defendem que o controle rígido das contas públicas é essencial para evitar o retorno da inflação elevada e a perda de credibilidade econômica.

Repercussão e futuro das contas públicas

As declarações de Henrique Meirelles reacendem a discussão sobre as escolhas econômicas do governo e seu impacto a longo prazo. Economistas apontam que o governo terá que equilibrar interesses políticos e econômicos para evitar o aumento da dívida pública e uma eventual perda de confiança do mercado.

Resta saber se o Planalto conseguirá implementar os ajustes necessários sem comprometer investimentos estratégicos e sem perder apoio político em um momento de grandes desafios para a economia brasileira.

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