Fim da escala 6×1 será ‘bastante prejudicial’ ao trabalhador, afirma Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manifestou recentemente sua preocupação com a proposta de extinção da escala de trabalho 6×1, modelo em que o trabalhador labora seis dias consecutivos e descansa um. Segundo Campos Neto, essa mudança pode ter efeitos prejudiciais para os próprios trabalhadores, especialmente no que diz respeito ao impacto nas horas trabalhadas e no poder de negociação.
Implicações Econômicas e para a Produtividade
De acordo com Campos Neto, a escala 6×1 tem sido tradicionalmente adotada em setores que demandam alto nível de presença e atividade constante, como o comércio, a indústria e o setor de serviços essenciais. A eliminação dessa prática poderia resultar em custos maiores para empresas, que precisariam contratar mais profissionais para compensar as folgas, e potencialmente reduzir a produtividade devido à falta de continuidade nas equipes.
Para ele, a proposta pode acarretar uma redução nas horas trabalhadas por semana, o que impactaria diretamente a renda dos trabalhadores e as perspectivas de aumento salarial em negociações futuras. Campos Neto destaca que uma mudança desse porte deve ser bem discutida com todas as partes interessadas para que não haja um efeito contrário ao que se busca.
O Debate em Torno da Flexibilidade do Trabalho
A proposta de alteração na escala 6×1 faz parte de uma discussão mais ampla sobre flexibilidade e condições de trabalho no Brasil. Para Campos Neto, a regulamentação rígida de escalas poderia reduzir a flexibilidade necessária para setores que operam em horários variados. Ele sugere que alternativas sejam exploradas para que o trabalhador possa escolher, junto ao empregador, a escala que melhor se adapta à sua rotina, de forma a preservar os direitos e atender às demandas dos empregadores.
Reações e Desdobramentos
A opinião de Campos Neto suscitou discussões entre sindicatos e representantes da classe trabalhadora, que, em grande parte, apoiam a mudança, alegando que o modelo atual impõe cargas excessivas de trabalho e pouco tempo para descanso e convivência familiar. Enquanto o Banco Central defende a manutenção da escala com possíveis ajustes, entidades sindicais argumentam que o fim da 6×1 representaria um avanço em direção a uma jornada de trabalho mais humanizada e com condições mais saudáveis.
Projeções para o Futuro do Trabalho
Com o avanço da automação e das novas tecnologias, o debate sobre jornadas de trabalho adaptáveis e mais curtas ganha força em vários países. Campos Neto sugere que o Brasil siga com cautela, observando experiências internacionais e avaliando os impactos econômicos de eventuais reformas na legislação trabalhista. A ideia é que se busque um modelo que equilibre a produtividade com a qualidade de vida dos trabalhadores, evitando prejuízos econômicos para ambas as partes.
Enquanto o projeto ainda está em discussão, especialistas alertam para a necessidade de estudos de impacto detalhados para garantir que qualquer alteração nas escalas de trabalho traga mais benefícios do que prejuízos.