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Washington Olivetto reflete sobre sua carreira: “A vida profissional foi muito generosa comigo”

Considerado um dos maiores nomes da publicidade brasileira, Washington Olivetto, aos 73 anos, encerra uma trajetória marcada por criatividade, inovação e sucesso em campanhas que se tornaram icônicas. Em uma rara entrevista recente, Olivetto falou com nostalgia e gratidão sobre sua carreira, afirmando que a vida profissional foi “muito generosa” com ele. A declaração reflete não só o impacto de suas contribuições para o marketing e a publicidade, mas também a influência duradoura que ele exerce em diversas áreas, como o futebol e a cultura brasileira.

O início da trajetória

Washington Olivetto começou sua jornada no mundo da publicidade nos anos 70, quando o mercado brasileiro ainda dava seus primeiros passos rumo à profissionalização e sofisticação. Rapidamente, ele se destacou pela habilidade de criar campanhas que combinavam humor, simplicidade e uma conexão profunda com o público. Sua visão de que “menos é mais” revolucionou o jeito de fazer propaganda, fazendo com que grandes marcas buscassem seu talento para impulsionar produtos e serviços.

Olivetto acredita que o sucesso se deve à dedicação e ao trabalho em equipe. Ele sempre ressaltou que, por trás de uma grande campanha, há um grupo de profissionais criativos e dedicados que, assim como ele, se comprometeram em entregar algo memorável ao público. “Tive a sorte de trabalhar com as pessoas certas no momento certo”, comentou o publicitário, referindo-se à parceria com colegas que ajudaram a criar peças publicitárias marcantes ao longo de sua carreira.

Campanhas que marcaram época

Entre as campanhas mais famosas, destacam-se os trabalhos feitos para a Bombril, com o personagem Carlos Moreno, que se tornou um ícone da publicidade brasileira por mais de três décadas. O slogan “1001 utilidades” entrou para o imaginário popular e permanece vivo até hoje, demonstrando a longevidade do impacto causado por Olivetto e sua equipe.

Além disso, a participação de Olivetto na criação do conceito de “Democracia Corinthiana” foi fundamental para integrar o futebol à cultura publicitária. Ele utilizou sua experiência para criar uma das campanhas mais lembradas do esporte no Brasil, unindo marketing e engajamento político em torno do Corinthians, com jogadores como Sócrates e Casagrande. O movimento foi uma verdadeira revolução tanto no clube quanto na forma de pensar o futebol e as estratégias de marca.

“Cada campanha era como um filho. Eu sabia que, de certa forma, elas fariam parte da cultura do país”, refletiu Olivetto sobre o poder de suas criações.

A publicidade como arte

Para Olivetto, publicidade sempre foi mais do que vender produtos — era uma forma de contar histórias, criar experiências e, em muitos casos, transformar a sociedade. Ele sempre destacou a importância de fazer propagandas que falassem diretamente com o consumidor, criando uma identificação imediata. Esse diferencial ajudou a projetar sua carreira a níveis internacionais, tornando-o um dos publicitários mais premiados da história.

Sua agência, W/Brasil, fundada em 1986, foi um dos maiores marcos da publicidade no Brasil, sendo responsável por campanhas para grandes marcas como Bradesco, Itaú, Volkswagen e Coca-Cola. A habilidade de Olivetto de combinar humor, emoção e inteligência nas peças publicitárias fez com que sua empresa se tornasse referência mundial.

Contribuição para a cultura brasileira

Ao longo de sua carreira, Washington Olivetto não só impactou o mundo corporativo, mas também influenciou a cultura brasileira de maneira significativa. Suas campanhas ajudaram a moldar o imaginário coletivo de gerações, sendo muitas vezes usadas como exemplo de como a propaganda pode ultrapassar os limites comerciais e se transformar em arte.

Ele também foi responsável por criar algumas das frases mais marcantes da publicidade brasileira, como “Não é nenhuma Brastemp” e “O primeiro sutiã a gente nunca esquece”, que permanecem na memória do público, mesmo anos após as campanhas saírem do ar. Essas frases se tornaram expressões populares, uma prova de que Olivetto conseguia captar a essência da sociedade brasileira e traduzi-la de forma simples e marcante.

Legado e gratidão

Ao olhar para sua trajetória, Olivetto expressa uma profunda gratidão por tudo o que viveu e conquistou no campo profissional. “A vida foi muito generosa comigo. Tive a oportunidade de fazer o que amo e de ser reconhecido por isso”, disse ele, visivelmente emocionado.

Mesmo após sua aposentadoria oficial, seu nome permanece relevante, sendo inspiração para novas gerações de publicitários que desejam seguir seus passos. Seu legado não se limita às campanhas, mas sim à maneira como ele elevou a publicidade no Brasil a um patamar internacional.

“Se posso dar um conselho para quem está começando, diria: seja verdadeiro com sua arte, mas nunca esqueça de que estamos aqui para servir ao público”, finalizou Olivetto, resumindo a filosofia que norteou sua carreira de décadas.

Futuro da publicidade

Para Olivetto, o futuro da publicidade está na capacidade de adaptação. Ele acredita que as novas tecnologias e a era digital oferecem oportunidades inéditas, mas alerta para o perigo de perder a essência da comunicação humana. “As plataformas mudam, mas a boa ideia, a boa história, essa nunca vai deixar de ser relevante”, concluiu.

Olivetto deixa um legado de inovação, irreverência e paixão pelo que faz, sendo um dos maiores símbolos da publicidade brasileira. Sua trajetória é um exemplo de como o talento e a persistência podem mudar não só uma indústria, mas também a forma como um país se vê e se expressa.

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