PT do Rio reage com processo interno após voto pró-soltura de Rodrigo Bacellar
O Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro iniciou um processo interno para avaliar a conduta da deputada estadual Carla Machado, após ela ter votado pela soltura do deputado Rodrigo Bacellar em sessão da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O caso gerou forte desgaste dentro do partido e abriu uma nova frente de tensão sobre disciplina partidária e coerência política em votações de alta sensibilidade pública.
A votação que desencadeou a crise
A prisão de Rodrigo Bacellar, acusado de interferir em operações da Polícia Federal e de repassar informações sigilosas, movimentou o cenário político fluminense. Quando a Alerj se reuniu para decidir se manteria ou não a prisão, o placar terminou com ampla maioria favorável à soltura. O voto de Carla Machado se destacou não pela surpresa do resultado, mas por ser a única posição dentro do PT que contrariou a orientação oficial da legenda.
A direção petista já havia se posicionado a favor da manutenção da prisão por considerar que as acusações contra Bacellar eram graves e exigiam rigor institucional. Internamente, esperava-se que toda a bancada seguisse essa linha, o que não ocorreu.
As razões apontadas para a reação interna
O incômodo dentro do PT vai além do voto isolado. Dirigentes afirmam que esse não é o primeiro episódio em que a deputada adota posições desalinhadas do partido. Embora Carla Machado tenha base eleitoral forte no Norte Fluminense e relações políticas antigas na região, dirigentes entendem que a fidelidade programática deve prevalecer em votações que envolvem acusações criminais ou potenciais interferências no sistema de Justiça.
Para muitos integrantes do PT, a postura de Carla Machado enfraquece o discurso histórico da legenda de defesa da institucionalidade e do combate a práticas políticas consideradas antiéticas. O voto pró-soltura de Bacellar, avaliam, coloca o partido em contradição pública e abre margem para críticas externas.
O processo disciplinar
A direção estadual decidiu abrir um procedimento formal para avaliar a conduta da deputada. Esse processo pode resultar desde uma advertência até sanções mais severas, dependendo do entendimento final da comissão responsável pela análise.
Ainda não há um prazo estabelecido para conclusão, mas o fato de o processo ter sido aberto demonstra que a sigla pretende enviar um recado claro: votações estratégicas, principalmente quando envolvem acusações graves e repercussão nacional, exigem alinhamento rigoroso. A avaliação interna é de que o episódio não pode ser tratado apenas como um gesto isolado.
O clima dentro do partido
O caso gerou desconforto entre parlamentares e lideranças. Parte da bancada teme que a atitude de Carla Machado abra precedentes para novos votos divergentes em temas delicados, enfraquecendo a unidade petista na Alerj. Outros acreditam que o partido deve considerar o contexto regional e não agir de forma precipitada, já que alianças locais frequentemente influenciam decisões legislativas.
Mesmo assim, figuras importantes da legenda defendem que manter a disciplina interna é essencial para preservar a credibilidade partidária, tanto no Rio quanto nacionalmente.
Impactos possíveis
A crise envolvendo Carla Machado pode gerar efeitos prolongados. Se o processo disciplinar resultar em punição severa, o PT do Rio busca mostrar firmeza diante de episódios que consideram problemáticos. Se optar por uma resposta branda, abrirá espaço para críticas da militância e da oposição, que já explora o caso publicamente.
Além disso, o episódio terá reflexos nas próximas votações polêmicas da Alerj, onde a postura dos parlamentares será observada com ainda mais atenção. A relação entre Carla Machado e o restante da bancada petista também tende a ficar mais delicada, exigindo reconstrução de confiança.

