Abel esperou para renovar — e o momento ideal nunca chegou no ano conturbado do Palmeiras
A espera por um título que não veio
O treinador Abel Ferreira tinha nas mãos a oferta de renovação com Palmeiras por mais dois anos (até 2027), desde meados de 2025. Mas Abel decidiu adiar a assinatura esperando uma grande conquista — título nacional ou continental — como marco para celebrar o novo acordo. Esse título, no entanto, nunca veio: o ano terminou sem troféus, com vice-campeonatos e atuações marcadas por inconsistência nos momentos decisivos.
Quando o esperado “momento ideal” não se concretizou — sem conquistas expressivas e com críticas da torcida — o novo contrato só foi efetivado em dezembro de 2025, após um ano de incertezas, dúvidas e desgaste sobre credibilidade e desempenho da equipe.
O que motivou a resistência de Abel (e os riscos da aposta)
Havia mais do que simples cautela: Abel chegou a declarar publicamente que não precisava de papel para garantir sua permanência — o que valia era a confiança no projeto, no clube e no grupo. Ele condicionou a renovação a resultados, ao sentimento de missão cumprida e à convicção de que o elenco demonstraria consistência. Para ele, renovar sem um título poderia soar como conformismo e, ao mesmo tempo, tirar força de cobrança futura.
Mas essa postura também trouxe riscos. O Palmeiras viveu em 2025 uma temporada difícil: oscilações, eliminações prematuras e vice-campeonatos. A expectativa era alta, e a pressão sobre treinador e jogadores aumentou. Ao manter o contrato em aberto, Abel expôs fragilidades do clube: mesmo com boa estrutura e elenco numeroso, faltou regularidade para transformar oportunidades em conquistas. Esse hiato entre as expectativas e a realidade deixou cicatrizes na relação com torcida e diretoria — reacendendo questionamentos sobre permanência, desgaste e legitimidade do comando.
A renovação e a sensação de recomeço — mesmo sem a taça
Quando finalmente renovou até 2027, Abel justificou a decisão falando de identificação com o clube, da estrutura montada e da confiança da diretoria. Para ele, o novo contrato representa uma oportunidade de recomeço: ajustar os erros de 2025, corrigir o déficit de consistência, dar tempo ao projeto e disputar com ambição as competições futuras.
Por outro lado, a temporada zerada de títulos — algo inédito desde sua chegada — impõe um peso adicional. A diretoria aposta na continuidade; a torcida, embora dividida, espera resultados rápidos; o time sabe que 2026 será decisivo para validar (ou não) a confiança renovada no treinador.
O que esperar agora: desafios e cenários para 2026
Alguns caminhos possíveis despontam:
- Se o Palmeiras retomar a consistência e conquistar títulos importantes, a aposta de Abel será vista como acertada — e o vínculo renovado renderá frutos concretos.
- Se houver novo ano com desempenho irregular e sem troféus, a paciência da torcida e da diretoria poderá se exaurir, aumentando o risco de ruptura de contrato ou de substituição no comando.
- A reformulação pontual do elenco, combinada com a estabilidade de comando, pode fortalecer o clube para projetos de médio e longo prazo — mas depende de foco nas “falhas de 2025”, especialmente nas partidas decisivas.
- Abel precisará equilibrar ambição com pragmatismo: a cobrança será intensa, e a marca da temporada vazia será inevitável no cenário interno e externo.

