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Estudo revela segredos da pedreira dos moais e muda visão sobre quem os construiu

Novas análises realizadas na pedreira de Rano Raraku, na Ilha de Páscoa (Rapa Nui), estão ajudando pesquisadores a compreender como os misteriosos moais — as monumentais estátuas de pedra criadas pelos antigos polinésios — eram produzidos. Um estudo recente utilizou um modelo 3D detalhado da área e revelou que a confecção das esculturas provavelmente era feita por diversos grupos familiares, e não por uma força de trabalho centralizada, como se imaginava.

A pesquisa identificou cerca de 30 áreas de extração distintas, sugerindo que diferentes clãs operavam simultaneamente na pedreira, cada um responsável por suas próprias estátuas. Ao todo, os cientistas mapearam mais de 400 moais em vários estágios de construção, além de centenas de trincheiras de corte e espaços onde as esculturas já haviam sido removidas.

As imagens detalhadas também mostram o processo de esculpir os moais. A maioria era trabalhada ainda presa à rocha em posição deitada, com os detalhes da cabeça e do rosto feitos antes do restante do corpo. Em alguns casos, as estátuas eram esculpidas lateralmente, o que aponta para diferentes métodos e tradições dentro da mesma ilha.

Um dos destaques é a estátua inacabada chamada Te Tokanga. Se tivesse sido finalizada, teria cerca de 21 metros de altura e aproximadamente 270 toneladas — a maior de todas já identificadas em Rapa Nui. A dimensão da peça sugere que alguns grupos buscavam ultrapassar limites técnicos, possivelmente como forma de prestígio social.

As descobertas reforçam a ideia de que a sociedade rapanui era organizada em clãs com grande autonomia, cada um produzindo suas próprias obras monumentais. Essa descentralização contrasta com teorias antigas que apontavam para um sistema político hierarquizado e fortemente centralizado.

O estudo também ajuda a esclarecer aspectos sobre a logística da extração, a movimentação das peças e a complexidade do conhecimento técnico dos povos que habitaram a ilha. As novas evidências mostram que a produção dos moais era mais diversa e distribuída do que se acreditava, revelando um panorama mais complexo da cultura polinésia que ergueu algumas das construções mais enigmáticas do planeta.

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