Aminoácido ligado à lenda do peru de Ação de Graças é detectado em asteroide
Cientistas identificaram o aminoácido triptofano em amostras coletadas do asteroide Bennu, marcando a primeira vez que essa substância é detectada diretamente em material trazido de um corpo espacial. O composto ficou popularmente conhecido por causa da lenda do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, segundo a qual o consumo de peru provocaria sono devido à presença desse aminoácido — algo já desmentido pela ciência, mas que permanece no imaginário popular.
A descoberta, no entanto, vai muito além da cultura popular. O triptofano é considerado um dos aminoácidos mais complexos já encontrados fora da Terra e reforça a hipótese de que asteroides podem ter desempenhado um papel fundamental na entrega de ingredientes essenciais para o surgimento da vida em nosso planeta.
As amostras analisadas foram coletadas pela missão OSIRIS-REx, da NASA, que tocou a superfície de Bennu em 2020 e trouxe à Terra mais de 120 gramas de poeira e fragmentos rochosos. Estudos anteriores já haviam revelado moléculas orgânicas e componentes básicos para a formação de proteínas e DNA, mas a presença do triptofano surpreendeu pela complexidade química.
Pesquisadores afirmam que a descoberta demonstra que reações naturais ocorridas em corpos celestes primitivos eram capazes de gerar moléculas orgânicas sofisticadas, muito antes de existirem condições favoráveis à vida na Terra. Isso reforça a ideia de que o Sistema Solar funcionou como um grande laboratório químico, distribuindo compostos essenciais por meio de colisões e quedas de meteoritos.
Embora a presença de triptofano não indique a existência de vida em Bennu, o achado amplia o entendimento sobre como os blocos fundamentais da biologia podem ter chegado ao nosso planeta e alimenta discussões sobre a possibilidade de mecanismos semelhantes ocorrerem em outros mundos.

