Economia

Black Friday com Selic em 15%: otimismo persiste, apesar dos juros altos

Mesmo com a Selic em 15%, o otimismo para a Black Friday continua forte entre varejistas, consumidores e analistas econômicos. A alta taxa de juros elevou o custo do crédito e pressiona o consumo, mas a expectativa é de que as ofertas, o acúmulo de demanda e a frustração preventiva façam desta edição uma das mais competitivas dos últimos anos. A seguir, entenda por que muitos apostam em resultados positivos — e quais são os riscos dessa aposta.


Por que o otimismo persiste, mesmo com juros altos

1. Acúmulo de demanda reprimida

Com a inflação e os juros elevados, muitos consumidores se mantiveram cautelosos nos últimos meses, adiando grandes compras. A Black Friday aparece como uma janela para realizar aquisições que foram postergadas: eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e itens de tecnologia estão entre os mais esperados. Esse acúmulo de demanda pode impulsionar vendas expressivas.

2. Ofertas agressivas

Varejistas vêm se preparando para uma Black Friday competitiva: ações promocionais estão mais agressivas, com descontos reais, parcelamentos sem juros (quando possível) e estoques adequados para atender a uma alta nas vendas. A combinação de margem pressionada e volume esperado pode ser compensadora para as redes que souberam planejar.

3. Consultas de crédito ainda em movimento

Embora os juros encareçam o crédito, muitas instituições financeiras continuam liberando crédito, especialmente para operações parceladas. Algumas carteiras de varejo têm conseguido ajustar suas taxas, oferecendo parcelamentos ou financiamentos promocionais para aquecer as vendas. Isso ajuda a mitigar parte do impacto da Selic elevada.

4. Estratégia multicanais mais robusta

Varejistas que investiram em omnicanal — com integração entre lojas físicas, e-commerce e marketplaces — têm uma vantagem: conseguem captar clientes que buscam experimentar o produto, mas comprar online em ofertas Black Friday. Essa flexibilidade tem sido fundamental para driblar a cautela do consumidor.

5. Expectativas de recuperação econômica

Alguns analistas veem a Black Friday como um termômetro para uma recuperação mais ampla do consumo em 2025 e 2026. Se os consumidores responderem bem às ofertas, isso pode sinalizar retomada de confiança. Para varejistas, isso representa não apenas vendas imediatas, mas uma oportunidade de reengajar clientes para o próximo ano.


Riscos que podem minar o otimismo

Apesar das condições favoráveis, não faltam riscos potenciais que podem atrapalhar a festa da Black Friday:

  1. Endividamento elevado
    Com crédito mais caro, há o risco de consumidores financiarem compras com parcelas volumosas, o que pode aumentar a inadimplência futuramente se o planejamento não for cuidadoso.
  2. Descontos ilusórios
    Nem todas as promoções são vantajosas: há o risco de alguns varejistas inflarem preços antes da Black Friday para simular grandes descontos, prática que já foi observada em anos anteriores.
  3. Pressão de custo para varejistas
    Os lojistas também enfrentam seus desafios: altos juros, custo de capital, inflação dos insumos e logística podem compressar margens, especialmente se apostarem em muitas ofertas agressivas.
  4. Mudança de comportamento dos consumidores
    A cautela ainda pode prevalecer: alguns consumidores podem simplesmente assistir às promoções sem comprar, aguardando o Natal. Se isso ocorrer em volume, parte da demanda esperada pode se evaporar.
  5. Choques econômicos
    Qualquer notícia negativa — sobre inflação, juros ou risco fiscal — pode esfriar o entusiasmo do consumidor de última hora.

O que varejistas estão dizendo

  • Grandes redes nacionais relatam que já fecharam acordos com fornecedores para garantir estoques maiores e preços competitivos para a Black Friday.
  • Marcas de tecnologia afirmam que a leva de importação está bem ajustada, mas alertam que custos logísticos e financeiros estão mais altos.
  • E-commerces independentes, especialmente os mais ágeis, acreditam ter uma vantagem: podem reagir rapidamente a mudanças na demanda e adaptar campanhas de marketing, aproveitando o comportamento de busca por ofertas.

O papel dos consumidores

Para os compradores, a estratégia ideal envolve cautela e planejamento:

  • Verificar o histórico de preços antes de se empolgar com o desconto;
  • Preferir parcela sem juros ou entrada menor, quando possível;
  • Avaliar a real necessidade da compra para evitar arrependimentos pós-Black Friday;
  • Aproveitar a diversidade de canais para comparar ofertas (loja física, site, marketplace).

Conclusão

A Black Friday com Selic a 15% é um campo minado potencial, mas também uma grande oportunidade. O otimismo entre varejistas e analistas se sustenta no acúmulo de demanda, nas ofertas agressivas e na possibilidade de acesso ao crédito, mas não é uma aposta sem riscos.

Se os consumidores corresponderem — e os varejistas souberem balancear volume com margem — esta edição pode virar um marco de renovação do consumo. Se houver falhas, o recuo pode ser doloroso para todos os lados.

No fim das contas, 2025 pode ser o ano em que a Black Friday mostra se ainda é um motor potente de vendas ou apenas um evento promocional diante de um cenário macroeconômico desafiador.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *