Na próxima semana, segundo Haddad, será sancionada por Lula a isenção do IR até R$ 5 mil
A sinalização feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil será sancionada por Lula na próxima semana, marcou um dos anúncios de maior impacto político e econômico recente. A medida, que vem sendo debatida dentro do governo desde o início do ano, representa um dos compromissos assumidos por Lula ainda durante a campanha e tem sido construída em etapas devido às implicações fiscais e às negociações com o Congresso.
Segundo Haddad, as discussões técnicas avançaram o suficiente para que a sanção presidencial seja possível dentro do prazo previsto, permitindo que a atualização da tabela do Imposto de Renda comece a valer já na virada do ano fiscal seguinte. A ampliação da faixa de isenção tem sido defendida pelo governo como uma forma de aliviar a carga tributária das famílias de renda baixa e média, sobretudo diante de um cenário no qual o custo de vida tem pressionado orçamentos e colocado em debate novas políticas de distribuição de renda.
O ministro também destacou que a mudança está sendo estruturada de modo a não comprometer a sustentabilidade fiscal. Para isso, a equipe econômica trabalhou em projeções que levam em conta o comportamento da arrecadação federal, além de medidas destinadas a compensar parte da renúncia tributária. Entre as alternativas discutidas estão ajustes em programas de incentivo fiscal e ações direcionadas ao aumento da eficiência na cobrança de tributos já existentes.
A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda é considerada por especialistas como uma das transformações mais relevantes na política tributária recente, em especial porque corrige parte da defasagem acumulada ao longo dos últimos anos. A falta de atualização da tabela provocou um aumento indireto da tributação sobre trabalhadores e aposentados, fenômeno frequentemente chamado de “tributação por meio da inflação”. Com a correção, o governo afirma que milhões de contribuintes deixarão de pagar imposto.
Outro ponto que tem atraído atenção é o impacto econômico da medida. Para analistas, o aumento da renda disponível entre os trabalhadores tende a atuar como um estímulo ao consumo, que por sua vez pode ajudar a impulsionar setores do comércio e dos serviços. Ainda assim, observadores destacam que os efeitos dependerão do comportamento geral da economia e da capacidade do governo de manter o equilíbrio entre despesas obrigatórias e receitas.
Nos bastidores, parlamentares que participaram das discussões apontaram que a atualização da tabela foi tema de intensos debates, envolvendo opiniões divergentes sobre o tamanho da renúncia fiscal e o risco de desequilíbrio das contas públicas. Apesar disso, o avanço do texto foi interpretado como resultado de um consenso mínimo em torno da necessidade de aliviar a situação de trabalhadores que foram gradativamente atingidos por um imposto que historicamente não acompanhou a evolução da inflação e dos salários.
Ao longo dos últimos meses, Lula mencionou em diversas ocasiões sua intenção de ajustar a faixa de isenção, reforçando tratar-se de um compromisso de campanha. A proximidade da sanção foi vista como um passo político importante, tanto para consolidar a narrativa de cumprimento de promessas quanto para fortalecer a interlocução do governo com a classe trabalhadora, especialmente em um momento no qual reformas, projetos de lei e disputas no Congresso continuam a tensionar a relação entre Executivo e Legislativo.
Haddad, por sua vez, tratou de explicar que a medida faz parte de um conjunto mais amplo de reorganização tributária e fiscal. Ele lembrou que o governo vem trabalhando em diferentes frentes, como a reforma tributária sobre o consumo, o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle de gastos e a busca por alternativas que permitam ao país manter níveis mínimos de investimento público. Nesse sentido, a ampliação da isenção aparece como mais um componente dentro de uma estratégia mais ampla.
A expectativa agora se concentra na sanção, que deve ocorrer em cerimônia pública, segundo integrantes do governo. O evento deve reunir autoridades políticas, representantes de centrais sindicais e membros da equipe econômica, reforçando o caráter simbólico da medida. A partir da sanção, caberá à Receita Federal adaptar seus sistemas e divulgar orientações aos contribuintes, de forma que o novo teto de isenção seja aplicado corretamente no ano-calendário correspondente.
Entre economistas e especialistas em contas públicas, as avaliações variam, mas há consenso de que a mudança trará efeitos significativos para milhões de trabalhadores. Alguns analistas ressaltam que será preciso acompanhar os impactos de médio prazo, especialmente em relação à arrecadação federal. Outros destacam que o aumento da faixa de isenção também pode contribuir para debates mais amplos sobre a progressividade do sistema tributário, abrindo espaço para ajustes que corrijam distorções históricas.
Com isso, a sanção anunciada se torna mais um capítulo relevante no conjunto de ações econômicas do governo, que tenta equilibrar demandas sociais, responsabilidade fiscal e avanços estruturais. Caso confirmada no prazo previsto por Haddad, a medida deve marcar um momento decisivo no relacionamento entre governo e contribuintes, além de influenciar diretamente os rumos do debate econômico nacional nos próximos meses.

