Após sabatina de Messias, escolha do novo AGU deve ser deixada por Lula
A definição do próximo chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) deve ocorrer apenas depois da sabatina de Antônio Carlos Messias, indicado para o Supremo Tribunal Federal. A decisão, segundo integrantes do governo, atende a uma estratégia política que busca evitar interferências cruzadas entre os dois processos e preservar a tranquilidade institucional necessária para a aprovação do futuro ministro do STF.
A prioridade do governo, neste momento, está concentrada na confirmação de Messias pelo Senado. A sabatina, considerada decisiva, tem mobilizado articulações intensas entre lideranças da base aliada e parlamentares independentes. O Palácio do Planalto avalia que antecipar a indicação do novo AGU poderia gerar ruídos desnecessários, já que qualquer mexida na estrutura jurídica do governo poderia ser interpretada como tentativa de influenciar o clima político do Congresso às vésperas da votação.
A AGU é uma das posições mais estratégicas da administração federal, responsável por representar judicialmente a União e por aconselhar juridicamente o presidente em temas sensíveis. A demora na escolha, porém, não significa falta de opções. Nos bastidores, circulam nomes de perfis variados, incluindo juristas experientes, procuradores da Fazenda Nacional e advogados com histórico de atuação na administração pública. Ainda assim, o avanço de qualquer candidatura depende do desfecho da sabatina no Senado.
Interlocutores afirmam que o presidente pretende adotar cautela máxima. A nomeação simultânea de um ministro do STF e de um novo AGU poderia gerar interpretações de que o governo estaria tentando compor uma “estrutura jurídica coordenada”, algo que poderia desagradar setores independentes do Senado. Ao evitar sobreposição de agendas, o Planalto acredita ser possível blindar o processo e minimizar desgastes.
Além disso, a sabatina de Messias tem sido acompanhada de forte atenção pública, o que naturalmente coloca pressão sobre o governo. A decisão de esperar teria também um componente de imagem: ao priorizar a aprovação do indicado ao STF, o presidente demonstra foco institucional e respeito ao rito constitucional, evitando misturar pautas que possuem elevada relevância jurídica.
A composição atual da AGU permanece estável, com a equipe técnica conduzindo as atividades regulares do órgão. A ausência momentânea de um novo nome não prejudica o funcionamento da instituição, que segue atuando em frentes como ações tributárias, defesa do governo em causas complexas e apoio jurídico a ministérios envolvidos em políticas públicas estratégicas.
Outro ponto considerado pelo governo é a necessidade de alinhar o futuro AGU ao projeto de fortalecer a articulação jurídica federal. Isso envolve não apenas a defesa em tribunais superiores, mas também a capacidade de dialogar com o Congresso, ministérios e autarquias. A escolha exige perfil técnico sólido, trânsito político e capacidade de atuar em agendas sensíveis, incluindo temas econômicos e institucionais.
A espera pela sabatina também permite ao presidente avaliar como o Senado se comportará durante o processo. O comportamento das lideranças, os discursos dos parlamentares e o nível de apoio concedido a Messias servirão como termômetro para medir o ambiente político. Esse diagnóstico será útil para calibrar a escolha do AGU, evitando nomes que possam enfrentar resistência imediata.
Nos bastidores, auxiliares avaliam que a estratégia reduz riscos e amplia as chances de êxito em ambas as frentes. O governo entende que a nomeação do AGU se tornaria alvo de questionamentos e teorizações políticas caso fosse anunciada antes da decisão sobre Messias. A separação dos temas, portanto, é vista como forma de garantir previsibilidade e fluidez ao processo.
A tendência é que, após a sabatina e votação no Senado, o presidente faça consultas finais e anuncie o novo nome para a Advocacia-Geral da União em seguida, respeitando o ritmo natural da transição. O alinhamento entre os dois processos será determinante para consolidar a posição jurídica do governo e reduzir ruídos futuros.
Enquanto isso, o entorno do presidente trabalha para assegurar clima favorável à aprovação do indicado ao STF. A estratégia envolve reforçar a articulação com bancadas temáticas, governistas e até setores de oposição moderada, que avaliam Messias como nome de perfil técnico e postura equilibrada.
Ao deixar a decisão para depois da sabatina, o governo sinaliza organização, prudência e foco institucional. O resultado da votação no Senado definirá o ritmo das próximas semanas e permitirá que a escolha do novo AGU seja feita em ambiente mais estável, sem pressões paralelas.

