A mística da Mãe-de-Ouro em “Êta Mundo Melhor”: o feitiço que seduziu Cunegundes
Na novela Êta Mundo Melhor!, a personagem Cunegundes (Elizabeth Savalla) está envolvida em uma trama que evoca uma das mais famosas lendas do folclore brasileiro: a da Mãe‑de‑Ouro. Essa figura mítica — que aparece em narrativas tradicionais — ganha novo significado na novela, alimentando os delírios e ambições de Cunegundes.
O que é a lenda da Mãe‑de-Ouro
A Mãe‑de-Ouro é uma entidade do folclore brasileiro bastante conhecida, especialmente no contexto da mineração nos séculos XVII e XVIII. Segundo a lenda, ela aparece como uma bolha de fogo brilhante, que indica a localização de jazidas de ouro. Em algumas versões, a Mãe-de-Ouro se transforma numa mulher loira, vestida de seda branca que flutua, refletindo a luz do sol.
No mito tradicional, a aparição da Mãe-de-Ouro carrega condições: ela pode revelar tesouros, mas exige algo em troca — seja silêncio, respeito, um sacrifício simbólico, ou até presentes para não revelar a localização do ouro para qualquer pessoa.
A lenda na novela e a relação com Cunegundes
Em Êta Mundo Melhor!, Cunegundes se deixa seduzir pela ideia da mina de riquezas. A novela adaptou a lenda da Mãe-de-Ouro para dar profundidade ao desejo da personagem por poder e fortuna — assim como na versão folclórica, a perspectiva de ouro alimenta seus planos.
Além disso, o marido da personagem descobre na trama um mapa das esmeraldas, reforçando a simbologia de tesouro escondido, ligação com a terra e a mística de uma mina valiosa.
As aparições ou visões ligadas à Mãe-de-Ouro também são associadas à ambição desmedida de Cunegundes, que enxerga a lenda não como mero conto, mas como uma possibilidade real de ascensão financeira e social. Essa mitologia folclórica, portanto, serve como metáfora para seus desejos mais profundos — ambição, ganância e poder.
Significado simbólico
- Riqueza escondida: A lenda da Mãe-de-Ouro reforça o tema clássico de tesouros ocultos, sugerindo que há riquezas por trás de segredos, mapas e visões.
- Poder feminino misterioso: A figura mítica da mulher loira, que pode se manifestar como espírito ou luz, dialoga diretamente com a personagem de Cunegundes, que usa charme, manipulação e crença para perseguir seus objetivos.
- Condição moral: Assim como no folclore tradicional, a novela sugere que obter essa riqueza não é simples — há preço a pagar, exigências e consequências para quem se arrisca a “desobedecer” as regras invisíveis da lenda.
Impacto na narrativa de Êta Mundo Melhor!
A inserção da lenda da Mãe-de-Ouro dá uma camada extra de tensão à trama, misturando elementos de realismo social (herança, poder, dinheiro) com o misticismo do folclore. Isso permite que a novela explore não apenas a ganância de Cunegundes, mas também suas fragilidades: acreditar na lenda pode ser tanto um impulso de poder quanto uma fuga da dor ou da ambição sem limites.
Em última instância, a lenda reforça a ideia de que nem todas as riquezas são palpáveis — algumas estão nas histórias, nas visões e na crença das pessoas que batalham para encontrá-las, custe o que custar.

