Prévia do Banco Central do Brasil aponta queda de 0,9% no terceiro trimestre, mas economia mantém desempenho anual positivo
O Banco Central divulgou nesta segunda-feira que o índice de atividade econômica usado como prévia do Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 0,9% no terceiro trimestre de 2025 em relação ao segundo trimestre. Apesar desse recuo, a estatística anual continua em terreno positivo, o que mostra um quadro de desaceleração, e não necessariamente de contração generalizada da economia.
O que os números mostram
- No trimestre de julho a setembro, a atividade econômica recuou 0,9%, segundo o índice divulgado.
- A retração foi generalizada entre os grandes setores da economia: agropecuária recuou cerca de 4,5%, indústria em torno de 1%, e serviços aproximadamente 0,3%.
- Em comparação à mesma época do ano anterior, o indicador ainda mostra alta, o que indica que apesar da queda recente, o nível de produção está acima de 2024.
- Esse desempenho reflete os efeitos da política de juros altos, com a taxa básica do país se mantendo em patamares elevados para conter a inflação.
Por que isso importa
Essa combinação de queda trimestral com desempenho anual ainda positivo revela algumas tensões importantes na economia brasileira:
- A política monetária mais restritiva (juros elevados) está surtindo efeito para conter a inflação, mas também freia o crescimento econômico.
- A queda trimestral sinaliza que a atividade está perdendo fôlego, o que exige maior atenção da autoridade monetária e dos formuladores de política econômica.
- Mesmo mantendo crescimento anual, se a economia seguir em contração ou estagnação nos próximos trimestres, isso pode comprometer a geração de empregos e o consumo.
- Para investidores e analistas, o recuo pode reduzir o otimismo sobre uma retomada vigorosa ou acelerar a expectativa de que os juros permaneçam elevados por mais tempo.
Contexto e expectativas
- A desaceleração estava em parte esperada: com juros altos e crédito mais caro, a economia tende a arrefecer.
- A própria autoridade monetária já indicava que via sinais de moderação da atividade e destacava a necessidade de manter vigilância.
- Agora, o foco volta-se para os próximos trimestres: se houver novos recuos, pode haver efeito dominó sobre investimento, consumo e emprego.
- Cabe destacar que o índice divulgado é uma prévia — o cálculo oficial do PIB será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em data futura e pode apresentar diferenças.
Conclusão
A economia brasileira vive um momento de ajuste: a queda de 0,9% no terceiro trimestre é um claro aviso de que o ritmo de crescimento está em desaceleração. Ainda que o desempenho anual continue positivo, o desafio agora é evitar que essa retração trimestral evolua para um padrão mais grave. O Banco Central, os formuladores de política e o mercado ficarão atentos para verificar se a recuperação retomará ou se o país entrará em fase mais estagnada.

