Pesquisa aponta que Tarcísio reúne base mais ampla e atrai parte do eleitorado lulista
Um levantamento nacional divulgado recentemente mostrou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, passou a reunir em torno de si uma base de eleitores mais diversificada do que a observada em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro. O estudo analisou tanto a autodeclaração ideológica dos participantes quanto o histórico de voto nas eleições de 2022, revelando que Tarcísio tem conseguido atrair não apenas apoiadores tradicionais da direita, mas também uma fração considerável de eleitores que se identificam com o campo lulista.
Segundo os dados da pesquisa, uma parcela significativa dos entrevistados que hoje demonstram preferência pelo governador votou em Lula no segundo turno de 2022. Esse movimento chamou atenção de analistas, que veem nesse comportamento uma mudança importante na segmentação do eleitorado. O estudo indica que, entre os que afirmam ter simpatia por Tarcísio, há eleitores com posições diversas, variando desde perfis conservadores tradicionais até grupos que se dizem mais moderados ou alinhados ao centro político.
A sondagem também avaliou as diferenças entre os públicos de Tarcísio e Bolsonaro. De acordo com o levantamento, Bolsonaro continua sendo uma figura de forte apelo entre os segmentos mais identificados com posições ideológicas rígidas à direita, enquanto Tarcísio aparece com maior capacidade de captar diferentes sensibilidades políticas. Essa diferença ocorre tanto no recorte por faixa etária quanto no recorte por escolaridade e religião. Em áreas urbanas e entre eleitores com maior nível de escolaridade, o governador paulista apresenta índices superiores aos de Bolsonaro.
A análise demográfica dos respondentes mostrou também que Tarcísio possui desempenho mais equilibrado entre os grupos etários, incluindo parcelas mais jovens e idosos. Já entre os eleitores evangélicos, tradicionalmente um reduto bolsonarista, a presença de Tarcísio tem crescido progressivamente, embora ainda inferior à do ex-presidente. Já entre católicos e entre os que afirmam não ter religião, o governador aparece com vantagem.
Outro ponto abordado pela pesquisa está ligado à rejeição. Os números indicam que Tarcísio apresenta rejeição inferior à de Bolsonaro em praticamente todas as regiões do país, especialmente entre eleitores que se identificam como de centro. Entre os simpatizantes de Lula, a rejeição a Bolsonaro se mantém elevada, enquanto a rejeição a Tarcísio é menor, o que explica por que parte desse grupo demonstra abertura para avaliar positivamente o governador paulista.
Analistas destacam que uma base mais heterogênea pode ser uma vantagem eleitoral em cenários futuros, sobretudo em eleições polarizadas. O governador aparece como um nome capaz de dialogar com perfis diversificados e com segmentos que rejeitam posicionamentos considerados mais extremos. Isso, segundo especialistas, cria um cenário no qual Tarcísio poderia disputar espaços que nem sempre estão disponíveis para candidatos associados a blocos ideológicos rígidos.
Outro aspecto levantado pelos responsáveis pelo estudo envolve o papel institucional e administrativo de Tarcísio. O fato de ter assumido a chefia do governo de São Paulo, maior estado do país, confere ao governador exposição nacional constante. Essa visibilidade tende a ampliar seu alcance e coloca seu nome, com frequência, no centro de debates políticos de maior escala. Isso contribui para a formação de uma imagem pública vista por parte dos eleitores como mais técnica e menos confrontativa.
A pesquisa destaca ainda que, apesar do perfil ampliado de apoio, Tarcísio enfrenta desafios importantes caso decida disputar a presidência. A heterogeneidade da sua base pode ser uma vantagem, mas também exige estratégias complexas de articulação, já que grupos distintos mantêm expectativas e prioridades muito diferentes. Conciliar agendas específicas sem perder identidade é um dos principais obstáculos para possíveis projetos nacionais.
Mesmo assim, a sondagem conclui que a diversidade de sua base representa uma tendência significativa no atual cenário político brasileiro. Em um ambiente marcado pela polarização, o fato de um nome do campo de direita conseguir atrair eleitores que votaram em Lula é considerado um movimento relevante. Esse fenômeno não significa uma mudança definitiva no alinhamento ideológico desses eleitores, mas sim uma abertura para avaliar candidaturas com base em outros critérios, como gestão, moderação e capacidade de diálogo.
Por fim, a pesquisa ressalta que o comportamento do eleitorado ainda pode passar por novas oscilações até 2026. O cenário é dinâmico e depende de fatores como economia, políticas públicas, protagonismo nacional dos atores políticos e acontecimentos inesperados. Por ora, o que o levantamento revela é que Tarcísio de Freitas consolidou uma base mais plural, enquanto Bolsonaro mantém apoio sólido, porém mais homogêneo e concentrado em nichos ideológicos específicos.

