tecnologia

Como uma explosão estelar pode varrer a atmosfera de um mundo vizinho

Astrônomos alertam que explosões poderosas em estrelas próximas podem representar uma ameaça real para a atmosfera de planetas em órbita — um cenário que levanta preocupações sobre a habitabilidade de exoplanetas, especialmente aqueles ao redor de estrelas muito ativas.

O que aconteceu

Uma pesquisa recente revelou uma erupção gigantesca em uma anã vermelha (chamada StKM 1‑1262), localizada a cerca de 130 anos-luz da Terra. Trata-se de uma ejeção de massa coronal (CME), isto é, uma gigantesca nuvem de plasma magnetizado expelida pela estrela. Segundo os cientistas, essa explosão teria sido até 100 mil vezes mais poderosa do que as mais violentas CMEs que nosso Sol é capaz de produzir.

Eles estimam que esse “jato” de material pode ser suficientemente intenso para remover a atmosfera de um planeta em órbita próxima, caso haja um mundo lá.


Como uma explosão estelar pode destruir a atmosfera de um planeta

  1. Radiação e vento estelar
    Quando uma CME ou flare estelar ocorre, ela libera não só plasma, mas também campos magnéticos extremamente carregados. Esse material pode interagir com a atmosfera de um planeta, causando ionização — isto é, partículas da atmosfera podem ser arrancadas ou carregadas por interações magnéticas — e “sopro” de gases para o espaço.
  2. Perda de massa atmosférica
    Em estrelas muito ativas, sobretudo anãs vermelhas jovens, os estudos mostram que o processo de “escapamento hidrodinâmico” pode ser muito intenso. Isso significa que a atmosfera de planetas rochosos pode literalmente fluir para fora da gravidade do planeta, caso a radiação ou o vento estelar sejam fortes o bastante.
  3. Radiação nociva
    Em explosões mais extremas, como supernovas, disparos de raios gama ou ondas de choque energéticas podem atingir planetas próximos. Esses eventos podem destruir camadas protetoras como a ozônio, expondo possíveis formas de vida à radiação mortal.

Exemplos observados

  • O Telescópio Hubble já registrou um exoplaneta (em torno da estrela AU Microscopii) sofrendo com explosões energéticas frequentes da sua estrela mãe. Partículas carregadas, rajadas de raio-X e ventos estelares estão corroendo a atmosfera desse mundo — uma demonstração prática de como esse fenômeno pode ocorrer.
  • Estudos teóricos também apontam para anãs vermelhas jovens que emitem “hazflares” (flares extremamente poderosos) — em tais casos, a atmosfera de planetas próximos poderia ser completamente erodida com o tempo.

Implicações para a vida em outros planetas

  • Essa ameaça estelar é especialmente relevante para exoplanetas na “zona habitável” de anãs vermelhas, já que muitos desses planetas estão muito próximos de suas estrelas para receber luz suficiente, mas também ficam mais vulneráveis às erupções violentas.
  • Mesmo para planetas que já tenham vida, a perda da atmosfera pode significar o fim da habitabilidade, ou pelo menos transformações drásticas no ambiente, tornando-o inóspito para organismos como nós.

Conclusão
Explosões estelares — de CMEs gigantes até supernovas — são mais do que espetáculos cósmicos: elas têm o potencial de alterar de forma profunda a composição atmosférica de planetas vizinhos, ameaçando sua capacidade de reter gases vitais. Para astrônomos que buscam mundos habitáveis, entender esses fenômenos é fundamental para avaliar quais exoplanetas ainda são candidatos viáveis à vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *