A história de Ângela Diniz, mulher que inspira série estrelada por Marjorie Estiano
Ângela Maria Fernandes Diniz foi uma das figuras mais marcantes da alta sociedade brasileira dos anos 1970 e se tornou símbolo de luta pelos direitos das mulheres após ser vítima de um dos crimes mais emblemáticos do país. Sua trajetória volta aos holofotes com a nova série estrelada por Marjorie Estiano, que revive sua vida e o caso que chocou o Brasil.
Nascida em Minas Gerais, Ângela ficou conhecida por seu estilo de vida independente e por desafiar padrões sociais da época. Frequentava festas, fumava, bebia e tomava decisões que não correspondiam às expectativas impostas às mulheres daquele período. Sua personalidade forte e livre lhe rendeu destaque e, também, críticas.
Em 1976, ela se envolveu com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, com quem viveu um relacionamento conturbado. Em 30 de dezembro daquele ano, Ângela foi assassinada com quatro tiros pelo companheiro em sua casa em Búzios, crime que rapidamente ganhou repercussão nacional.
No primeiro julgamento, a defesa de Doca utilizou a tese de “legítima defesa da honra”, argumento que buscava justificar o assassinato e que gerou indignação pública. A condenação inicial, considerada branda, motivou manifestações e mobilizou movimentos feministas em todo o país, que passaram a reivindicar punições mais firmes em crimes de violência contra a mulher.
A pressão social contribuiu para um segundo julgamento, no qual Doca recebeu uma pena mais severa. O caso passou a ser um marco para debates sobre machismo estrutural, violência doméstica e a forma como o sistema de Justiça tratava vítimas mulheres.
Décadas depois, a história voltou a ser amplamente discutida graças ao podcast “Praia dos Ossos”, que revisitou o crime, o contexto social e o tratamento dado pela imprensa na época. A narrativa reacendeu reflexões sobre como o caso moldou debates sobre feminicídio no Brasil.
Agora, a série “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” promete aprofundar essa trajetória. A produção mostra tanto a vida livre e intensa da socialite quanto o impacto de sua morte em movimentos feministas e na legislação. Marjorie Estiano interpreta Ângela, enquanto Emílio Dantas dá vida a Doca Street. Com direção de Andrucha Waddington, a obra busca trazer um olhar mais sensível e contemporâneo para a história que marcou gerações.

