O crime que motivou Bruce Springsteen a compor ‘Nebraska’: a saga de Charles Starkweather
A canção Nebraska, faixa-título do álbum lançado por Bruce Springsteen em 1982, nasceu de uma das histórias mais brutais da década de 1950 nos Estados Unidos — a do assassino Charles Starkweather e sua então namorada adolescente, Caril Ann Fugate.
Entre dezembro de 1957 e janeiro de 1958, o casal protagonizou uma série de crimes que chocaram o país. Em uma jornada violenta que atravessou os estados de Nebraska e Wyoming, os dois mataram pelo menos 11 pessoas, deixando uma trilha de horror que inspiraria filmes, livros e, décadas depois, a música de Springsteen.
Na composição, o artista assume a voz do próprio assassino, descrevendo os crimes com frieza e ausência de remorso. Em versos secos e diretos, Springsteen retrata um jovem sem rumo, imerso em um ciclo de violência e desespero — uma crítica velada à perda de sentido e à alienação na sociedade americana.
Antes de escrever a faixa, Springsteen assistiu ao filme Badlands (1973), de Terrence Malick, inspirado na mesma história real. A obra cinematográfica o motivou a pesquisar os assassinatos e transformar o relato em uma narrativa musical. Gravada de forma caseira, apenas com violão e gaita, Nebraska se tornou uma das músicas mais sombrias e intimistas de sua carreira.
O álbum, que leva o mesmo nome, foi um divisor de águas na trajetória do cantor. Longe das produções grandiosas e das canções épicas que marcaram fases anteriores, Springsteen mergulhou em temas de culpa, moral e violência com uma simplicidade desarmante.
Mais do que uma reconstituição de crimes, Nebraska é uma reflexão sobre o lado obscuro da natureza humana. Ao dar voz a um assassino, Bruce Springsteen criou uma das narrativas mais perturbadoras e poéticas do rock, transformando horror em arte e história em introspecção.

