Lewandowski é chamado para depor em comissão da Câmara e deve prestar esclarecimentos nesta terça-feira sobre temas institucionais
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, foi convocado para comparecer à Câmara dos Deputados nesta terça-feira, onde será ouvido por uma das comissões permanentes da Casa sobre ações e políticas do governo na área da segurança pública. A sessão promete grande atenção política, já que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) é considerado uma das figuras mais influentes do atual governo e vem sendo questionado por diversos partidos sobre temas sensíveis da pauta nacional.
A convocação foi aprovada na semana passada por ampla maioria, com o objetivo de esclarecer planos, programas e medidas implementadas pelo ministério nos últimos meses. Deputados devem abordar temas como o combate ao crime organizado, as operações integradas com estados, além de ações voltadas à segurança nas fronteiras e ao controle de armas no país.
Ricardo Lewandowski deve abrir sua participação com uma exposição detalhada das iniciativas recentes da pasta, ressaltando o esforço para modernizar o sistema de segurança pública e fortalecer o trabalho conjunto entre União, estados e municípios. Fontes próximas ao ministro afirmam que ele deve destacar avanços nas operações interestaduais e nas ações de inteligência contra facções criminosas, áreas que o governo considera prioritárias.
Parlamentares da base governista esperam que a sessão sirva para reforçar a imagem de diálogo e transparência do ministério, especialmente em um momento de pressão por resultados práticos nas ruas. Já a oposição promete questionar a gestão de recursos e os resultados concretos obtidos até agora, cobrando dados mais objetivos sobre os índices de criminalidade e a execução orçamentária da pasta.
Um dos temas centrais do encontro deverá ser o programa de segurança integrada nas fronteiras, que o ministério vem ampliando com apoio das Forças Armadas e da Polícia Federal. O plano prevê o uso de novas tecnologias de vigilância, drones e sistemas de rastreamento para coibir o tráfico de drogas e armas — uma das principais portas de entrada do crime organizado no território nacional.
Além disso, deputados pretendem discutir o avanço das políticas de controle de armas e o impacto dos decretos recentes que alteraram regras de registro, posse e porte. A medida, que restringiu a atuação dos clubes de tiro e endureceu as exigências para civis, ainda divide opiniões dentro e fora do Congresso. Lewandowski deve defender a posição do governo de que as mudanças são fundamentais para reduzir a circulação de armas ilegais e prevenir crimes violentos.
Outro ponto de interesse será o uso de recursos federais nos estados, especialmente aqueles destinados a projetos de modernização das polícias e combate à corrupção. Parlamentares da Comissão pretendem pedir explicações sobre os critérios de distribuição e sobre a execução dos repasses realizados nos últimos meses.
A presença de Lewandowski também deve ser marcada por questionamentos sobre a atuação da Polícia Federal em operações de grande repercussão política, incluindo investigações ligadas a desinformação, crimes cibernéticos e apostas esportivas. O ministro, segundo assessores, deve reafirmar a autonomia dos órgãos de investigação e reforçar o compromisso do governo com o respeito à legalidade e à Constituição.
A expectativa é de que a sessão tenha forte cobertura da imprensa e repercussão política imediata, já que o ministro é uma das figuras mais respeitadas no meio jurídico e desempenha papel central na coordenação da política de segurança nacional. Sua passagem pelo STF e o perfil técnico são vistos como fatores que conferem peso institucional às suas declarações.
O comparecimento de Ricardo Lewandowski à Câmara simboliza um momento de aproximação entre os Poderes, num esforço para reduzir tensões e ampliar o diálogo sobre segurança pública, um dos temas mais sensíveis e cobrados pela sociedade brasileira. A sessão deve se estender por várias horas, com perguntas de todos os partidos representados na comissão, em um debate que promete ser intenso e revelador sobre os rumos da política de segurança do país.

