Economia

Organização mundial traça plano para purificar o ar de prédios, escolas e transportes

Uma comissão internacional formada por cientistas, médicos e engenheiros está elaborando uma estratégia global para melhorar a qualidade do ar em ambientes fechados — um tema que ganhou urgência após a pandemia de Covid-19 e a constatação de que o ar que respiramos em locais internos é muitas vezes mais poluído do que o do lado de fora. O objetivo é definir padrões universais de ventilação, filtragem e monitoramento capazes de reduzir riscos de infecção, alergias e outras doenças respiratórias.

A iniciativa, apoiada por organismos de saúde e universidades de diversos países, quer estabelecer um conjunto de diretrizes que sirva de base para governos, empresas e escolas modernizarem seus sistemas de ventilação. O plano é criar algo semelhante ao que aconteceu com a água potável no século passado: uma transformação silenciosa, mas essencial, que garanta segurança sanitária e bem-estar coletivo.

Um desafio invisível, mas urgente

A preocupação com o ar em locais fechados não é nova, mas se tornou prioridade depois que estudos mostraram que vírus, partículas de poeira, mofo e gases tóxicos se acumulam com facilidade em ambientes mal ventilados. Escritórios, salas de aula, transportes públicos e hospitais são apontados como áreas críticas, especialmente em cidades densas e de clima quente, onde o ar condicionado costuma circular o mesmo ar por horas.

Segundo pesquisadores envolvidos na comissão, a maioria dos edifícios modernos foi projetada com foco em eficiência energética, não em saúde. Isso significa que o isolamento térmico é privilegiado, enquanto a troca de ar é mínima — uma equação que reduz custos de energia, mas aumenta o risco de contaminação e desconforto respiratório.

Meta é criar novo padrão mundial de ventilação

A proposta da comissão é simples, mas ambiciosa: transformar o ar limpo em direito básico. Para isso, o grupo trabalha em um documento técnico que define metas de qualidade do ar, índices mínimos de ventilação e parâmetros de purificação. A expectativa é que essas diretrizes sejam adotadas por governos e empresas de construção civil, influenciando códigos de obras e políticas públicas.

O plano também inclui recomendações para sistemas de transporte, onde a concentração de dióxido de carbono e partículas finas costuma ser elevada. Trens, metrôs e aviões estão no centro das discussões, especialmente porque a exposição contínua nesses ambientes pode afetar a saúde de milhões de pessoas diariamente.

Impacto na economia e na saúde pública

Melhorar o ar interno não é apenas uma questão ambiental ou sanitária, mas também econômica. Estudos estimam que a má qualidade do ar reduz a produtividade no trabalho, aumenta o absenteísmo e eleva custos hospitalares. Em escritórios e fábricas, pequenas melhorias na circulação do ar já mostraram ganhos significativos em foco, desempenho e bem-estar psicológico.

Além disso, a proposta inclui incentivos para a adoção de tecnologias acessíveis, como filtros HEPA, sensores de CO₂ e sistemas automáticos de ventilação controlada. A ideia é que, com o tempo, esses equipamentos se tornem padrão em novas construções e retrofit de prédios antigos.

O ar como novo campo da saúde global

Para os especialistas, a pandemia mudou para sempre a percepção sobre o ar que respiramos. Assim como lavar as mãos e vacinar-se se tornaram práticas básicas de saúde pública, respirar ar limpo — mesmo dentro de casa — precisa ser tratado como parte de uma política global de prevenção.

A comissão pretende apresentar suas primeiras recomendações em 2026, com o intuito de mobilizar governos, arquitetos, engenheiros e cidadãos em torno de um novo conceito de segurança ambiental: o da respiração saudável em espaços fechados.

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