Economia

Endividamento caro trava expansão e reduz competitividade da indústria brasileira

A indústria brasileira voltou a aparecer nas últimas posições em um ranking internacional de desempenho recente, refletindo a dificuldade do setor em crescer de forma consistente. Um dos principais fatores apontados por especialistas é o nível elevado de juros no país, que encarece empréstimos, reduz a capacidade de investimento das empresas e dificulta a produção em escala competitiva.

Enquanto outros países conseguem financiar modernização tecnológica, expansão de fábricas e desenvolvimento de novos produtos com crédito mais barato, no Brasil o custo de tomar recursos continua sendo um dos mais altos do mundo. Isso afeta desde grandes grupos industriais até pequenas e médias empresas, que enfrentam ainda mais barreiras para acessar financiamento.

Pressão nos custos e perda de produtividade

Com juros altos, a indústria precisa escolher entre investir menos ou comprometer margens de lucro. Na prática, muitas empresas acabam adiando projetos de modernização, automação ou ampliação de capacidade. Essa demora reflete diretamente na produtividade, que cresce lentamente no país e mantém o setor em desvantagem frente a concorrentes internacionais.

Além disso, o peso financeiro sobre dívidas já existentes diminui caixa disponível para contratação de pessoal, melhoria de processos e inovação. O resultado é um ciclo de baixo crescimento: a indústria produz menos, vende menos, investe menos e perde espaço em mercados externos.

Custo Brasil segue como obstáculo permanente

A questão dos juros se soma a um conjunto de dificuldades já conhecido como “Custo Brasil”: logística cara e lenta, tributação complexa, infraestrutura deficiente e burocracia pesada. Esse conjunto de obstáculos reduz a competitividade de produtos brasileiros, especialmente em setores que disputam preço diretamente com países que possuem estruturas mais eficientes e incentivos industriais mais claros.

A combinação de gastos elevados com crédito e um ambiente operacional oneroso acaba empurrando muitas empresas para estratégias defensivas, quando poderiam estar planejando expansão e inovação.

Comparação internacional reforça disparidade

Em países desenvolvidos e emergentes que buscam fortalecer sua indústria, bancos públicos, agências de fomento e políticas de estímulo costumam oferecer condições mais acessíveis de crédito produtivo. A intenção é viabilizar investimentos estratégicos, principalmente em áreas de alta tecnologia, cadeias de exportação e transição energética.

No Brasil, porém, essas políticas nem sempre são contínuas, e os ciclos de incentivo muitas vezes são interrompidos por crises fiscais ou mudanças abruptas de orientação econômica. Isso gera instabilidade e insegurança, dificultando planejamento de longo prazo.

Saída depende de coordenar juros, crédito e política industrial

Para que o setor industrial volte a ganhar espaço, analistas defendem que seja construída uma política econômica que combine:

  • Redução gradual e sustentável dos juros.
  • Crédito direcionado e com menor custo para investimento produtivo.
  • Programas de estímulo para modernização tecnológica e formação de mão de obra.
  • Melhoria logística e simplificação tributária.

Sem coordenação, o risco é prolongar a estagnação industrial, mantendo o país dependente de setores de baixo valor agregado e limitando o crescimento da economia como um todo.

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