Nova taxação sobre compras internacionais aumenta arrecadação, mas impacta logística dos Correios
A cobrança da chamada “taxa das blusinhas”, aplicada sobre compras internacionais de pequeno valor feitas principalmente em plataformas asiáticas, começou a gerar efeitos concretos no balanço do governo e também na operação dos Correios. A medida, defendida como forma de equilibrar a concorrência entre varejistas nacionais e estrangeiros, trouxe aumento de arrecadação federal, mas provocou queda significativa no volume de encomendas processadas pela estatal.
Arrecadação sobe com a nova cobrança
Com a taxação, o governo passou a arrecadar cerca de R$ 2,1 bilhões em tributos relacionados às compras de baixo valor vindas do exterior. Isso inclui tanto o imposto de importação quanto o recolhimento de ICMS integrado ao processo de postagem e entrega.
Segundo técnicos envolvidos na formulação da medida, o aumento da arrecadação era esperado. O fluxo de produtos importados cresceu muito nos últimos anos, impulsionado por varejistas digitais que ofereciam preços atrativos e entrega direta ao consumidor. Com a cobrança, a União afirma corrigir distorções e garantir competitividade ao comércio interno.
Impacto direto nos Correios
Por outro lado, os Correios registraram queda de aproximadamente R$ 1,2 bilhão em receitas ligadas ao processamento e entrega dessas encomendas. Antes da taxação, boa parte das compras internacionais usava o sistema logístico da estatal, gerando receita constante em fretes, manuseio e armazenagem.
Após o início da cobrança, muitos consumidores passaram a reduzir o volume de pedidos ou migraram para serviços de entrega privados oferecidos por algumas plataformas internacionais, que passaram a operar centros logísticos próprios no Brasil. Essa mudança teve efeito imediato na linha de receita operacional dos Correios, que já enfrentam desafios financeiros há alguns anos.
Mudança no comportamento do consumidor
O impacto da taxa também se refletiu nas decisões de compra. Consumidores passaram a:
- Pesquisar mais antes de fechar pedidos.
- Priorizar lojas nacionais em algumas categorias.
- Concentrar compras internacionais em valores maiores, para “compensar” o custo adicional.
- Buscar plataformas que absorvem parte do imposto no preço final.
Mesmo assim, o interesse por produtos importados permanece alto, especialmente em categorias como roupas, eletrônicos, acessórios e itens de beleza.
Comércio nacional vê oportunidade
No varejo físico e digital brasileiro, a medida foi vista como oportunidade para recuperar espaço de mercado. Pequenas e médias marcas que concorriam diretamente com plataformas estrangeiras passaram a defender a taxação como um passo para equilibrar condições.
Entretanto, empresários do setor também reconhecem que ainda existe diferença grande de custos operacionais entre fabricantes nacionais e fornecedores asiáticos, o que mantém o mercado competitivo e instável.
Futuro ainda indefinido
A taxa continua sendo alvo de debates. Há parlamentares que pedem sua revisão, argumentando que ela afeta principalmente consumidores de baixa renda que buscam preços acessíveis. Outros defendem ampliar o controle sobre importações para evitar sonegação e prática de subfaturamento.
Enquanto isso, o governo monitora o efeito da arrecadação e a saúde financeira dos Correios, que podem passar por reestruturações para se adaptar ao novo cenário.
A discussão segue aberta — entre equilíbrio econômico, competitividade e impacto direto no bolso do consumidor.


 
							 
							