Mercados asiáticos recuam após reunião entre Trump e Xi expor incertezas sobre relações econômicas globais
As principais bolsas de valores da Ásia encerraram o pregão desta quinta-feira em queda, refletindo a cautela dos investidores após o encontro entre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping. O diálogo, amplamente acompanhado pelos mercados, trouxe poucas sinalizações concretas sobre o futuro das relações comerciais entre as duas maiores economias do planeta, o que aumentou a volatilidade e levou a uma onda de realização de lucros.
O clima de incerteza prevaleceu ao longo da sessão, com os investidores avaliando as declarações cautelosas feitas após a reunião. Embora o encontro tenha sido descrito como “positivo” por diplomatas, analistas destacaram que não houve avanços tangíveis em temas sensíveis, como tarifas comerciais, propriedade intelectual e o controle de exportações de tecnologia. Essa falta de clareza contribuiu para um movimento generalizado de aversão ao risco.
Em Tóquio, o índice Nikkei 225 recuou mais de 1%, interrompendo uma sequência de ganhos impulsionada recentemente por resultados corporativos fortes. O mercado japonês foi pressionado especialmente por ações de tecnologia e exportadoras, que tendem a reagir de forma mais sensível a tensões nas relações entre EUA e China. Já em Hong Kong, o Hang Seng teve queda próxima de 0,8%, com destaque para perdas em empresas ligadas ao setor imobiliário e de internet.
Na China continental, os índices de Xangai e Shenzhen também fecharam no vermelho. A preocupação com o ritmo da recuperação econômica interna, somada à ausência de novos anúncios de estímulos por parte de Pequim, reforçou o sentimento de prudência entre os investidores locais. Apesar da estabilidade recente em alguns indicadores de produção industrial, o consumo doméstico ainda mostra sinais de fragilidade, o que limita o otimismo.
Em contrapartida, alguns mercados do Sudeste Asiático registraram desempenho levemente positivo, sustentados por fluxos de capital voltados a economias com fundamentos mais estáveis. A Bolsa de Cingapura subiu 0,3%, enquanto a da Indonésia avançou 0,2%, beneficiadas por balanços corporativos sólidos e por políticas fiscais consideradas mais previsíveis.
Especialistas apontam que a reação negativa na maioria das praças asiáticas decorre da percepção de que o encontro entre Trump e Xi, embora simbólico, não reduziu a tensão geopolítica nem ofereceu uma perspectiva clara para a retomada plena do diálogo comercial. Desde o início das disputas tarifárias entre as duas potências, em 2018, o comércio global tem enfrentado oscilações e mudanças nas cadeias de suprimento, afetando principalmente o setor tecnológico.
Os mercados também foram influenciados pela expectativa em torno da próxima reunião do Federal Reserve (Fed), que deve discutir os rumos da política monetária dos Estados Unidos. A possibilidade de manutenção de juros elevados por mais tempo preocupa economias emergentes da Ásia, que dependem de fluxo de capitais externos e podem enfrentar pressão sobre suas moedas.
Analistas financeiros ressaltam que, enquanto persistirem as incertezas sobre a relação entre Washington e Pequim, os investidores devem manter uma postura defensiva, favorecendo ativos considerados mais seguros, como ouro e títulos do Tesouro norte-americano. Essa tendência de fuga para a segurança já começa a se refletir na movimentação dos mercados globais.
O encontro entre Trump e Xi, embora tenha sido considerado um passo diplomático importante, deixou mais perguntas do que respostas. O resultado foi um pregão de ajustes e volatilidade, no qual o sentimento predominante foi de espera. Para os especialistas, a direção dos mercados asiáticos nas próximas semanas dependerá do desdobramento das negociações entre as duas potências e de eventuais anúncios de políticas econômicas que indiquem maior cooperação ou, ao contrário, intensifiquem as tensões.
Assim, o fechamento negativo da maioria das bolsas da região demonstra que, mesmo após tentativas de aproximação, o ambiente global segue incerto. A prudência dos investidores reflete não apenas a leitura do cenário diplomático, mas também a percepção de que a economia mundial ainda caminha sob forte influência das decisões tomadas em Washington e Pequim.

