Santander registra lucro de R$ 4 bilhões no 3º trimestre e aponta retomada gradual de crédito no país
O Santander apresentou lucro líquido próximo de R$ 4 bilhões no terceiro trimestre, resultado que representa uma expansão de quase 10% em comparação com o mesmo período do ano anterior. O número indica um momento de estabilização após meses de cautela no mercado de crédito brasileiro, marcado por endividamento elevado das famílias e retração das concessões para empresas de médio porte.
Segundo executivos do banco, o trimestre foi marcado por uma melhora no desempenho de linhas consideradas estratégicas, como crédito ao consumo, financiamento de veículos e operações voltadas a pequenas e médias empresas. A instituição tem buscado equilibrar volume e risco, avançando de forma gradual na liberação de novos empréstimos após um período de ajustes mais severos na carteira para conter a inadimplência.
Controle da inadimplência e eficiência operacional
Um dos pontos que mais influenciaram o desempenho foi a estabilização da taxa de inadimplência, que vinha sendo motivo de atenção desde o ano passado. O banco adotou uma política mais conservadora na seleção de clientes, reforçou processos de renegociação e ampliou o uso de ferramentas de análise de risco baseadas em dados, o que ajudou a reduzir perdas em operações de crédito.
Além disso, houve esforço na redução de custos administrativos e na melhoria da eficiência operacional. O banco investiu em digitalização interna, reorganização de equipes e integração de serviços, o que permitiu operar com uma estrutura mais leve sem comprometer atendimento e oferta de produtos.
Crescimento em serviços e bancarização digital
O desempenho também foi impulsionado pelo aumento da receita com tarifas e serviços, especialmente em produtos ligados a transações digitais, marketplace bancário e seguros. A estratégia tem sido fortalecer a oferta no aplicativo e ampliar soluções que integram serviços financeiros ao cotidiano do cliente, tornando o banco mais presente nas decisões de consumo.
A digitalização do Santander, que já vinha avançando, se tornou ainda mais central para a expansão das receitas. O número de clientes que utilizam exclusivamente canais digitais cresceu, e o banco tem apostado em novos modelos de atendimento, como consultorias financeiras remotas e programas de educação financeira.
Ambiente econômico influencia decisões futuras
Apesar do bom resultado, o setor financeiro como um todo segue atento ao comportamento da economia. A redução gradual da taxa básica de juros melhorou o ambiente para renegociação de dívidas e retomada do crédito, mas o ritmo dessa melhora ainda é considerado lento. O mercado de trabalho mostra sinais de estabilidade, mas o endividamento das famílias permanece elevado, o que exige cautela na concessão de novos financiamentos.
Executivos do banco afirmam que os próximos trimestres ainda dependerão de fatores como evolução da política monetária e previsibilidade fiscal. A expectativa é de que, se o cenário seguir estável, o banco possa acelerar o crescimento orgânico, expandindo carteira de crédito sem comprometer a qualidade.
Perspectiva para os próximos meses
Para o Santander, o resultado do trimestre representa um movimento consistente na direção da retomada. O banco aposta em crescimento gradual, sustentado por operações mais seguras, serviços diversificados e estratégia digital consolidada. A visão é de que o setor bancário brasileiro atravessa um período de reorganização, no qual eficiência, análise de risco e capacidade de inovação serão determinantes.
Se o cenário econômico interno se manter estável, a instituição espera fortalecer ainda mais sua posição entre os principais bancos do país, ampliando participação em crédito ao consumo, serviços financeiros digitais e soluções integradas para empresas.

