Economia

Presidente do Itaú afirma que parte dos demitidos admitiu trabalhar em dupla jornada

O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, comentou pela primeira vez sobre as recentes demissões em massa que atingiram aproximadamente mil funcionários da instituição. Segundo o executivo, parte dos profissionais desligados admitiu estar realizando “jornada dupla ou até tripla” durante o expediente do banco, aproveitando o modelo híbrido de trabalho para exercer funções em outras empresas ao mesmo tempo.

Declarações do presidente

Maluhy afirmou que o banco identificou uma queda significativa de produtividade entre parte dos colaboradores, com desempenho médio estimado em cerca de 20% do esperado. Durante a apuração interna, alguns profissionais teriam reconhecido que dividiam o tempo de trabalho com atividades paralelas, o que foi considerado uma violação de conduta.

De acordo com o executivo, o episódio levantou uma preocupação sobre o comprometimento com o modelo híbrido, que o Itaú vem tentando consolidar desde a pandemia. Ele destacou que a instituição mantém a confiança no formato, mas reforçou que o bom funcionamento do sistema depende da transparência e da dedicação integral dos funcionários durante o horário de expediente.

O impacto das demissões

As dispensas geraram debate no setor financeiro e entre especialistas em gestão de pessoas. De um lado, a empresa defende que agiu para preservar a integridade da cultura corporativa e garantir equilíbrio entre desempenho e confiança. Do outro, representantes de trabalhadores e analistas apontam que a demissão em larga escala levanta questionamentos sobre o método de avaliação adotado pelo banco e o acompanhamento da produtividade em regime remoto.

As demissões também reacenderam a discussão sobre os limites do controle digital e o uso de ferramentas de monitoramento, que se tornaram comuns no ambiente de trabalho após o avanço do home office. A principal preocupação é equilibrar eficiência operacional com o respeito à privacidade dos colaboradores.

Debate sobre o futuro do trabalho híbrido

O caso do Itaú reflete uma realidade vivida por diversas empresas que adotaram o formato híbrido de forma permanente. A flexibilidade, embora bem recebida por muitos profissionais, trouxe novos desafios de gestão, como mensuração de resultados, engajamento e ética no uso do tempo de trabalho.

Especialistas afirmam que o modelo híbrido não deve ser revisto por causa de casos pontuais, mas reforçam que é necessário investir em cultura organizacional e clareza nas regras de desempenho. Para o mercado, a situação serve como alerta para a necessidade de alinhar expectativas e reforçar políticas internas que garantam transparência e compromisso mútuo.

O Itaú, por sua vez, garante que seguirá com o formato atual, buscando aperfeiçoar os mecanismos de gestão e fortalecer a confiança entre empresa e colaboradores — um equilíbrio cada vez mais desafiador no novo mundo do trabalho.

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