Diálogo entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump ganha contornos de influência do “sujeito oculto” Xi Jinping
Em um momento de tensão diplomática e de reorganização das cadeias globais de comércio, o recente encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Donald Trump revelou mais do que a simples aproximação entre Brasil e Estados Unidos. Nos bastidores, a figura do presidente da China, Xi Jinping, aparece como ator silencioso, cujos interesses e movimentações influenciam, direta ou indiretamente, as negociações e a agenda entre Washington e Brasília.
A reunião e os temas em pauta
Durante o encontro, realizado à margem de uma cúpula internacional na Ásia, Lula e Trump abordaram temas como tarifas de importação, cooperação tecnológica, terras raras e expansão do comércio. O presidente brasileiro manifestou a disposição de dialogar com os Estados Unidos sem restrições, reconhecendo que “não há tema proibido” na relação bilateral — uma frase que ressoa como símbolo da complexidade diplomática atual.
Ao mesmo tempo, Trump manifestou abertura para rever tarifas impostas ao Brasil, sugerindo um possível reequilíbrio comercial. A cordialidade entre os dois líderes, porém, contrasta com os sinais enviados por terceiros — em especial a China — que observam e reaproveitam a movimentação para avançar suas próprias estratégias em relação à América Latina e ao Hemisfério Sul.
O papel de Xi Jinping na equação
Embora o diálogo tenha sido entre Brasil e EUA, China surge no plano de fundo como um “sujeito oculto” com poder de moldar o cenário. A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, e as decisões de Pequim sobre terras raras, logística, investimentos e tarifas globais criam ambiente de pressão para que Brasil e EUA alinhem suas políticas considerando também esse terceiro ator.
Além disso, o recente acerto preliminar entre EUA e China para contenção de disputas comerciais reforça a tese de que o movimento de Lula e Trump reflete não apenas interesses bilaterais, mas a necessidade de se adaptar a uma nova dinâmica global trilateral. A postura do Brasil — de manter laços fortes com ambos os lados — evidencia sua ambição de papel estratégico no cenário de crescente multipolaridade.
Impactos para o Brasil e para os envolvidos
Para o Brasil, essa articulação representa uma chance de diversificar parceiros, melhorar acesso a tecnologia e ampliar mercados de exportação. O país pode usar sua relevância junto à China como alavanca para obter melhores condições com os EUA. Por outro lado, Wuhan político-estratégico exige equilíbrio: alinhar-se demais aos EUA pode gerar desconforto em Pequim; resistir aos EUA pode diminuir a margem de manobra comercial.
Para os Estados Unidos, o Brasil representa uma ponte importante para a América Latina, acesso a recursos naturais (como terras raras) e maior influência regional. A presença da China como concorrente direto exige que Washington aproxime-se de Brasília sem perder de vista sua disputa global com Pequim.
Para a China, negociar com o Brasil fortalece sua posição de investidor e parceiro estratégico no Sul Global, reduzindo vulnerabilidades ao protecionismo dos EUA e posicionando-se como alternativa.
O que vem pela frente
Nos próximos meses, deverá haver várias etapas de concretização desse diálogo: encontros bilaterais de técnicos, articulação no Congresso brasileiro sobre concessões e garantias para os investidores estrangeiros, e definição de cronogramas para visitas de Estado. Também será importante observar se as negociações com a China evoluem em paralelo e como isso afeta o roteiro Brasil-EUA.
A maior incógnita é se Brasília conseguirá manter autonomia estratégica — aproveitando as janelas com EUA e China — sem cair na armadilha de dependência ou de alinhamento rígido. A atuação de Lula pode definir se o país será apenas “refém” das relações entre as duas superpotências ou se atuará como protagonista de sua própria agenda.
Conclusão
O encontro entre Lula e Trump, embora destacado como uma aproximação bilateral, revela uma trama mais complexa, em que Xi Jinping aparece como atrevés da cortina. O Brasil opta por jogar em múltiplas frentes, o que exige habilidade diplomática, senso de oportunidade e cuidado estratégico. Em épocas de disputas globais, a máxima de que “não há tema proibido” assume ainda mais carga — porque o que está em jogo ultrapassa o diálogo direto e envolve redes globais de poder, recursos e influência.
Esse novo capítulo da diplomacia brasileira mostra que o país está num momento de grande agência — mas que as decisões devem sempre considerar os movimentos das superpotências ao redor.

