Haddad tem 39 dias úteis para buscar R$ 35 bilhões para o Orçamento e aprovar alterações no Imposto de Renda
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está diante de um prazo apertado para recompor as contas públicas de 2026 e encaminhar ao Congresso uma proposta consistente de Orçamento. Segundo o governo, restam 39 dias úteis para encontrar cerca de R$ 35 bilhões que estão em risco após a derrubada de uma medida provisória que previu aumento de arrecadação. Ao mesmo tempo, o Palácio do Planalto e a equipe econômica precisam pautar e aprovar no Legislativo as alterações no Imposto de Renda que serão parte da estratégia para viabilizar esse volume extra de recursos.
O desafio orçamentário
Com a saída de uma medida provisória que promovia aumento de impostos sobre aplicações financeiras, apostas e serviços digitais, o governo teve que refazer seus cálculos de receita para 2026 e encontrar alternativas para evitar um rombo nas finanças públicas. A necessidade de captar ou economizar aproximadamente R$ 35 bilhões em menos de dois meses úteis aciona todas as engrenagens da máquina econômica e política.
Para dar conta do prazo, Haddad e sua equipe montaram uma agenda acelerada que inclui: reuniões com ministérios para mapear cortes ou postergações de despesas, discussões com lideranças partidárias para garantir apoio às mudanças no Imposto de Renda, e a elaboração de contingenciamento temporário de gastos até que os valores sejam restabelecidos.
A combinação: corte, receita e IR
A solução para a meta financeira envolve três frentes principais:
- Receita extra: O governo estuda alternativas para compensar o recuo da arrecadação esperada com a medida provisória derrubada — isso inclui nova tributação sobre setores digitais, readequação de alíquotas ou bases de incidência, e a possibilidade de revisar benefícios fiscais ainda não encerrados.
- Redução de despesa: Em paralelo, há mobilização para identificar despesas discricionárias que possam ser adiadas ou reduzidas, como contratações, novos programas ou obras com início previsto para o próximo ano. Essa frente tem caráter quase emergencial para dar margem de manobra até que as receitas se materializem.
- Reforma ou ajuste no Imposto de Renda: O governo precisa aprovar mudanças no IR no Congresso para encaminhar mais receitas ou redistribuir a carga tributária. O apoio parlamentar é crucial: sem avançar essas reformas, a meta de R$ 35 bilhões fica improvável, e o Orçamento de 2026 corre risco de ter execução comprometida ainda nos primeiros meses.
Consequências do atraso
Se Haddad não alcançar o volume ou não conseguir viabilizar as alterações propostas, o cenário poderá se complicar: emenda parlamentar poderá ficar sem pagamento, obras poderão ser atrasadas ou até mesmo congeladas, e o Orçamento poderá começar o ano com lacunas. Do ponto de vista político-administrativo, isso representa um risco sério, sobretudo em ano pré-eleitoral ou de alta expectativa do mercado.
Por outro lado, cumprir o prazo e entregar uma proposta equilibrada permitirá ao governo retomar a confiança dos investidores, garantir condições de execução fluida para o próximo ano e preservar a credibilidade da gestão econômica.
Rumo ao fim do prazo
Com a contagem regressiva iniciada, o ambiente político se aquecerá nos próximos dias: líderes partidários vão se reunir, relatorias da Comissão de Orçamento e da Comissão Mista de Fiscalização terão papel central, e o governo precisará demonstrar que tem plano operacional para chegar à meta. A sinalização ao mercado e à sociedade será tão importante quanto o valor final — cumprir o prazo e apresentar clareza sobre de onde virá o recurso e como serão os cortes será parte da estratégia para evitar turbulências.
Em resumo, Fernando Haddad tem um grande desafio pela frente: articular política, economia e prazos para entregar um Orçamento factível para 2026 e aprovar as mudanças no Imposto de Renda que viabilizem os recursos necessários — e tudo isso dentro de um prazo bastante apertado.

