“É tudo SUV?” — Entenda o que realmente define um carro e por que essa confusão virou moda no Brasil
Nos últimos anos, o termo “SUV” virou uma febre no mercado automotivo brasileiro. Hoje, praticamente toda montadora possui modelos classificados assim — dos compactos aos de luxo. Mas, afinal, o que realmente define um SUV? E por que há tanta confusão sobre o que é ou não é um?
O que é, de fato, um SUV
SUV é a sigla para Sport Utility Vehicle — “Veículo Utilitário Esportivo”. A ideia é unir o conforto e a dirigibilidade de um carro de passeio com características típicas de utilitários, como altura elevada em relação ao solo, robustez e maior capacidade para enfrentar pisos irregulares.
No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, o termo não é apenas estético. Há critérios técnicos que ajudam a diferenciar um SUV de um hatch ou sedã “aventureiro”. Esses critérios envolvem principalmente a geometria do veículo — altura mínima do solo, ângulos de entrada e saída, e capacidade de vencer rampas.
Em linhas gerais, um veículo só pode ser considerado SUV se tiver boa distância do solo (cerca de 20 cm ou mais) e ângulos adequados para enfrentar pequenas irregularidades sem raspar a parte inferior. Além disso, costuma ter uma posição de dirigir mais alta, oferecendo melhor visibilidade e sensação de segurança.
Por que há tanta confusão
Mesmo com parâmetros técnicos, o termo “SUV” foi amplamente adotado pelo marketing das montadoras. Modelos com visual mais robusto, mas sem as capacidades típicas de um utilitário, passaram a ser vendidos como SUVs. Assim nasceram os “pseudo-SUVs”, carros compactos que compartilham plataforma e motor com hatches, mas têm suspensão levemente mais alta e molduras de plástico nas laterais.
Outro fator é o surgimento dos chamados crossovers — veículos que combinam elementos de diferentes segmentos. Muitos desses carros têm aparência de SUV, mas estrutura e desempenho próximos aos de um automóvel comum. Isso fez o conceito de SUV se expandir a ponto de quase perder seu significado original.
A força do marketing
A explicação para essa “moda SUV” está também no comportamento do consumidor. O público associa o formato a atributos como segurança, espaço interno, visibilidade e status. As montadoras perceberam isso e passaram a rotular como SUV qualquer modelo que desperte essa sensação — mesmo que, tecnicamente, ele esteja mais próximo de um hatch aventureiro do que de um utilitário esportivo.
Além disso, a posição de dirigir elevada e o design imponente passam a ideia de domínio da estrada, algo que muitos motoristas valorizam. Esse apelo emocional se mostrou tão eficaz que hoje há SUVs em todas as faixas de preço — desde os pequenos de motor 1.0 até os mais luxuosos com tração integral e motores potentes.
O que o comprador deve observar
Entender o que é ou não um SUV ajuda na hora de decidir uma compra. Para quem roda majoritariamente na cidade, um modelo “pseudo-SUV” pode ser suficiente, oferecendo conforto, boa altura e economia. Mas quem pretende pegar estradas de terra ou enfrentar terrenos mais difíceis deve buscar um SUV de verdade, com suspensão mais resistente e, idealmente, tração nas quatro rodas.
Além disso, é importante lembrar que SUVs costumam ser mais pesados, consomem mais combustível e têm manutenção mais cara. O consumidor deve avaliar se realmente precisa dessas características ou se está apenas pagando mais por aparência.
Em resumo
O termo “SUV” deixou de ser apenas uma categoria técnica para se tornar uma estratégia de marketing poderosa. A fronteira entre o que é um SUV real e o que apenas parece ser ficou cada vez mais difusa, alimentada tanto pela criatividade das montadoras quanto pelo desejo dos consumidores por carros mais altos e imponentes.
Em última análise, nem todo carro “grandalhão” é um SUV de verdade — e entender essa diferença é o primeiro passo para fazer uma escolha consciente na hora de comprar o próximo automóvel.

